12.8.11

Pobre de mim (que se han acabádo las festas de San Fermin)


A cultura do Mediterrâneo e da Península Ibérica elegeu o touro como representante das forças da terra e como protagonista dos rituais que estão na origem das touradas, ligados a cerimonias do culto da fertilidade.
Pamplona, a Iruña ou Iruñea basca, celebra todos os anos de seis a catorze de Julho as festas en honra de San Fermin. Contrariamente ao que se pensa, o patrono de Pamplona não é San Fermin, mas San Saturnino, nem o dia 7 de Julho é o dia de San Fermin, um santo francês, mas sim a festa em honra de San Fermin, bispo, nascido em Pamplona, que morreu mártir.
Estes festejos foram sempre celebrados sem grandes alterações com um carácter muito local até aos princípios do século XX, altura em que um famoso escritor americano se inspirou nos "Sanfermines" para escrever um livro.
A partir de então, e especialmente após a Segunda Guerra Mundial, cada vez mais estrangeiros acorrem à cidade, que durante os festejos chega a triplicar a sua população.
A festa começa com o lançamento do famosíssimo "Chupinazo" do balcão da Camâra Municipal de Pamplona, onde milhares de pessoas, acenam com lenços vermelhos que depois usam durante todo o período das festas ao pescoço. A partir daí, gritando San Fermin, San Fermin, segue-se a explosão de música, dança, canto e festas acompanhados pelo som das rolhas das garrafas de champanhe. Gigantes e cabeçudos, seguidos da "Pamplonesa" - a banda de música que toca sempre a mesma partitura, a famosa "Vals de Astrain" - e a comitiva da gala do Municipio de Pamplona.
No dia 7 de Julho, dia do patrono da festa, toda a gente se veste de pamplonica - de branco com faixas ou lenços vermelhos e com a "txapela", a boina vermelha ou preta para assistir à procissão, com a presença de todas as altas individualidades da Comunidade.
Durante todos os dias em que os festejos são celebrados, haverá sempre eventos relacionados com os touros. Muito haveria para contar destes festejos milenários, mas chamo a especial atenção para a quantidade de estrangeiros que irresponsavelmente se metem no meio daquela população que ao longo de toda a sua existência está e foi preparada para saber correr à frente de uma manada de touros enfurecida, não pelos maus tratos que lhes dão, mas pelo susto e intranquilidade que passam quando inesperadamente se encontram rodeados de milhares de pessoas, gritando e incitando-os à correria.
O saber correr à frente da manada, ter pernas ligeiras, arte e astúcia para não ser apanhado por algum corno afiado como lança, saber alterar a sua direcção no momento exacto não é coisa de todos e os estrangeiros por culpa própria, acabam por ser os "bombos" daqueles festejos, tão apreciado no País Basco.
A foto que publico acima, demonstra a astúcia, a audácia e a valentia desta moça vinda directamente do "caribe" que vestida com todo o rigor de uma Pamplonesa dos quatro custados, como as "canetas" já não a ajudavam para poder fugir, resolveu mostrar ao bovino, que era uma mulher de armas capaz de o enfrentar em qualquer situação, colocando-se nesta posição bizarra.
Ao que parece, a fera, ferida no seu orgulho e como tinha pergaminhos a defender, resolveu não a atacar na posição de decúbito ventral, já que estava acostumada a encarar os inimigos,com olhos nos olhos.
Termino com o estribilho de uma das cantigas mais em voga durante os festejos:
um de janeiro, dois de fevereiro, tres de março, quatro de abril, cinco de Maio, seis de junho, sete de julho, ao San Fermin tenho de ir.

38 comentários:

Pascoalita disse...

ahahah ao ler este texto, veio-me à memório o "Chefe Saturnino" lá da minha chafarica, que embora não fosse má pessoa, de santo tinha muito pouco e faleceu há uns meses, com a bonita idade de 90 anos ...

Aprende-se sempre qualquer coisa por aqui. Já tenho visto essas "corridas desenfreadas" na TV, mas assistir ao vivo e a cores deve ser mais cómico.

Mais uma zona do país vizinho que gostava muito de conhecer, mesmo que não seja durante as "festas de San Fermin" eheh

jinhos

Mariazita disse...

Zé, querido amigo
Fizeste-me lembrar Hemingway, que no seu livro «Fiesta» tão bem descreve o que são as festas de Pamplona.
Estás a fazer-lhe concorrência:)
Gostei!

Como vou entrar de férias brevemente, o post que publiquei no domingo, dia 7, é o último até meados de Setembro.
Se não nos "virmos"  antes desejo-lhe tudo de bom durante a minha ausência.

Fim de semana muito feliz. Beijinhos

Zé do Cão disse...

Pascoalita

São umas festas completamente diferentes de tudo quanto já vi. Quando me referia aos estrangeiros, referia-me também aos espanhóis não naturais do País basco. É assim que eles pensam e até Navarra é uma Comunidade Autónoma dentro daquele País que como sabemos não é .
Quanto à "caribenha", falta um comentário não te parece?

biquinhos

Zé do Cão disse...

Pois minha Amiga o Zé, dia 2 de Setembro estará de partida novamente, mas desta vez será como estiver o vento, o sol e a chuva.

Talvez Algarve, talvez a Galiza. Para já tenho pena de na próxima segunda-feira não me encontrar em "Betanzos" perto da Coruña para assistir à festa dos bebados. Enchia o papo e delirava.
Bjs e ficamos todos à espera de umas boas férias e noticias de bem estar, já que por cá, ficamos cheios de incertezas... Agora foi o IVA

Kim disse...

O Zé!
Convenhamos que a festa é muito bonita mas é preciso ser-se completamente louco para correr à frente daqueles animais. Inevitavelmente acabarão sempre por colher alguém.
Eu sei que o preço da adrenalina é bastante alto mas não era o filho do meu pai que lá se metia.
Uma coisa é CORAGEM, outra é LOUCURA.
Um grande abraço meu amigo

Pascoalita disse...

Ah sim, a "caribenha" ...

A coitada está numa posição muito ingrata ... não dizem que foi assim que a Alemanha perdeu a guerra? Vá lá, teve sorte eheheh

Maria disse...

Olha Zé. Nascida no Ribatejo, frequentadora assídua de touradas em Tomar sobretudo com o Manuel dos Santos, sinto-me dividida.
Por um lado, abomino ver maltratar os touros, por outro, o meu sangue ribatejano, faz-me ficar fascinada com as pegas e os cavaleiros.
Não sou radical, nem posso dizer que não gosto de touradas. Mas o Dono, abomina-as.
Meu pai chegou a ir a Badajós, só para ver toiros de morte.
Estou entre a "cruz e a caldeirinha"
Se houvesse um Referendo, abstinha-me.
Beijo
Maria

Magia da Inês disse...

♪°º✿
˛♫ Ai... ai... ai...
Se o touro resolvesse encarar o desafio, hem?
O que mais gostei na sua história foi da letra da música...
Está escrita em qual idioma, mesmo?

Bom fim de semana!
Cheio de alegria e muita paz.
Beijinhos.
Brasil
º°✿
✿♥ ° ·.
˛✿♪

Cusca Endiabrada disse...

Ora, ora ...
A miúda deve ter viajado pelo deserto, naquela zona onda habita o pássaro "pica miolos" ... fico com o "tike" e adoptou a posição ihihih

Sou anti-touradas, mas rio a bom rir com essas "correrias loucas" e gosto sobretudo quando o touro tem pontaria e enfia o corno na alça do suspensório dum incauto.

Há touros com treino e habilidade suficientes para despir as calcinhas a uma dama, sabias? ihihih

Bom fds ... vou de férias
dentadinhas

Zé do Cão disse...

Kim

Em presença de uma tourada, tenho paciencia para ver metade. Em presença dos festejos de San Fermin e de uma janela alta, gostei de apreciar as loucuras de um povo que anda na corda bamba de segundo a segundo.
abraço

Zé do Cão disse...

Pascoalita

A moça coitada, viu-se naquela posição porque foi atraiçoada pelas sapatilhas, pelas pernas, e pela sua valentia. E como olhos que não veem, coração que não sente...
Safou-se de boa.

Biquinhos

Zé do Cão disse...

Maria

Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu, ambos da mesma época, colocavam os homens malucos com a sua destreza e as mulheres apaixonadas com a sua presença de homens elegantes, valentes, educados, figuras publicas imponentes.
Não era Maria. E uma boa pega de caras, não é mais do que um trabalho de arte. Especialmente a do rabojador ...

bjs

Zé do Cão disse...

Magia
Se o boi investisse ADEUS caribenha.
Quanto à letra da cantiga, está escrita em portuganhes. Assim uma mistura de português - espanholes .
Quanto à musica, não faço ideia...
Mas o certo é que milhares a cantam.

Beijinhos

Zé do Cão disse...

Há touros com arte e engenho para muito mais.

Já agora! Sabes que na Espanha quando numa tourada um touro foi uma boa peça no êxito da "fiesta", as pessoas fazem bicha no dia seguinte à porta do talho, para comprar a sua carne?
E que os "tin tins" valem uma boas maquias?
Vê lá tu o que eu sei

biquinhos

Teté disse...

Zé, essas festas parecem-me cheias de alegria, música e cor, mas quando toca à parte dos touros, não consigo achar piada...

De qualquer forma, hoje não queria deixar de passar para te dar uma grande beijoca de parabéns, desejando que a data se repita durante muitos anos, com saúde e alegria! :)

E claro, um grande tchim-tchim para ti!

Zé do Cão disse...

Teté
Rendo-me à tua iniciativa. O meu muito obrigado.

É datas que a partir de agora, será bom esquecer. Todos sabemos sempre que tudo tem um fim (excepto as minhocas e as salsichas)e esse cada vez se aproxima mais.

Beijos e um abraço apertado

Cusca Endiabrada disse...

Ah pois é ...

O Zé do Canito é aniversariante e tava caladinho (não fosse a nina Tété ...) ... cadê a festa? cadê os balões, as castanholas e as pandeiretas? cadê o bolo? cadê a garrafita de licor daquela mistura boa ... como era mesmo?

Muitos Parabéns e saudinha da boa ...

dentadinhas da endiabrada

Zé do Cão disse...

Cusca

a partir de agora, sou como as senhoras. Deixo de fazer anos...
Quero manter a juventude dos 40, como a ternura do Paco.
Biquinhos e obrigado pela lembrança

Elvira Carvalho disse...

Gostei do texto que embora com o humor do costume trouxe vários ensinamentos a quem como eu apenas conhece de ouvir nos noticiários.
Não sou apreciadora deste tipo de espectáculos.
Um abraço

Zé do Cão disse...

Elvira

Eu, acho interessante estes e outros festejos que a cultura espanhola tem.
Mas sinceramente, só vistos de um "balcon", nunca fui bom nos 100 metros e muito menos na maratona. Mas é uma loucura colectiva, que admiro e que desejo rever, bem como outras.


O meu abraço

São disse...

Amigo meu, desgraçadamente, nunca estive em ´Pamplona, buááaáá

E para que se saiba: gosto de touradas, mas à moda antiga.

Abraço grande

Zé do Cão disse...

São
Pamplona é uma cidade muito bonita. Sinceramente não tenho grandes encantos por touradas. Não sou do contra, já tenho ido e não aguento mais do que metade.
Já agora, existe uma cidade que raramente se houve falar e que tem um palácio Episcopal lindíssimo, e autoria do Gaudi. Chama-se ASTORGA.
Para esse lados existem umas minas de ouro já desactivadas que podem ser visitadas. Se tiveres oportunidade, não falhes.E nas Asturias, "Ribadecelhe" cujos hoteis são palacios do principio do seculo passado. Também a não perder e a seguir uma visita a Covadonga e aos picos da Europa.
Em "Ribadecelhe" prova uns "Burriés" acompanhados com Sidra. Divinal

Abração grande

Laura disse...

Pois foi Zézito, esqueci os teus anos, e, lá se foi um post com os anos do menino..mas é que agora as postagens vão sendo menos e tudo vai passando..

Touradas sou contra, e essas festas há sempre quem leve mais que uma ligieia pega pelos suspensórios...a mim nem que me poagassem..nem para ver, detesto..povo maluco e mais nem digo.

Beijinhos Zézito.

laura

São disse...

Covadonga, Santillana del Mar, Picos da Europa, Santander, Pote,Bilbao, Burgos,tudo isso já revisitei e - à excepção de Bilbao, que detestei - acho muito lindo.

Touradas à portuguesa acho a hipocrisia acabada, aliás como nos é típico.

Vi uma tourada completa em Sevilha e chegou.

Mas as touradas que aprecio muito são as da Camarga, em que quem toureia anfrenta o animal de mãos nuas, aliás como os nossos forcados!

Um abraço grande, meu amigo

Pascoalita disse...

De passagem para deixar votos de Bom Fim de Semana e já agora,os meus PARABÉNS por mais um Aniversário que espero tenha sido passado com saúde e a boa disposição que te caracteriza.


Jinhos

Zé do Cão disse...

Laura

Não tem mal os meus agradecimentos na mesma. Todavia, resolvi fechar a torneira e nunca mais faço anos.
Já pouco falta para usar 3 numeros.
Irra, isso não quero.

Jinhos

Zé do Cão disse...

Sãozita

Camarga - Montpellier. Ui que historia tenho e que ainda não contei.Calhou mesmo em dia de festa na terra. À noite boi na rua...
Vou preparar, nem sei como esqueci...


Abraço, minha amiga

Zé do Cão disse...

Pascoalita


Minha amiga, mas já passou à tanto tempo...
O Zé já nem se lembra deles.
A minha "Dona" ofereceu-me uma preço valiosa. Como perdi em tempos a aliança, comprou outra e ofereceu-me, para me lembrar sempre que sou CASADO.
Tal como a prenda é uma Joia e reconhecido agradecido dei-lhe meia duzia de beijos, e fomos a Sesimbra jantar no "Velho e o Mar"

Biquinhos

Anónimo disse...

Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog do São. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs

Narroterapia:

Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.

Abraços

http://narroterapia.blogspot.com/

Je Vois La Vie en Vert disse...

Olá Zé,
Não aprecio touradas, a não ser as pegadas, mas não sou propriamente contra, se fazem parte da tradição e desde que não se faça sofrer os animais inutilmente.
Quanto à moça, teve sorte mas não deve repetir este tipo de posição, além de não ser confortável, nunca se sabe o que aparece por trás, é sempre melhor encarar tudo de frente !

Beijinhos amigos
Verdinha

Zé do Cão disse...

Verdinha

Pois é, Amiga. Não gostas de touradas, mas elas acontecem a cada passo que damos.
Saímos à rua, e logo temos a 1ª tourada do dia. Um cão que faz cócó no passeio, uma chamada de atenção à sua dona e aí ferver a primeira tourada.
Depois passamos por um jornal exposto (não compramos porque a nossa carteira já saiu de casa vazia), e tomamos conhecimento das touradas do Governo. etc. etc. . Em resumo, passamos o dia a levar "maradas".
Quanto à caribenha, duvido que se meta noutra e volte a Pamplona.
Beijinhos

Zé do Cão disse...

Fabricio
O meu espaço é publico. Estará sempre ao dispor de todos que venham por bem.
abraço

BlueShell disse...

Oi, Zé...as coisas que eu não sabia! Ainda bem que passei e pude aprender algo.
OBRIGADA!
Bj
BShell

Zé do Cão disse...

Blue Shell

Tive gosto em a receber no meu canto.
A casa também será sua.


Bjs

BlueShell disse...

Oi, sabes que ainda hoje vou ver os ciclistas...quando passam perto aqui de Mangualde? Ou vou à serra da Estrela, ou a Gouveia, ou a Nelas...este ano pude vê-los aqui em Mangualde! Foi "coisa" que ficou da infância...LOL
Grata pelo teu célere comentário, meu caro.
Bj
BShell

Anónimo disse...

Zé tiveste muita coragem ao abordar este assunto.
Já vi muita boa gente, a aparecer na TV nas touradas para se promoverem ,embora até dgam que não gostam, para o "politicamente correcto".
Sou do Ribatejo e português saber de toiros é muito mais do que se sabe, ou vê.A frase "tolerância" também inclui políticos e eu não gosto deles.
Temos de respeitar as tradições e evoluir com elas,porque não?
Um abraço do Jrom

Zé do Cão disse...

Blue Shell
Minha amiga, mas os ciclistas já não passaram? A volta a Portugal até terminou.
Está bem, pronto... Eu sou um distraído.
Vais ver a passagem do ultimo do ano passado? ahahah. Eu sou uma eterna criança.

bjs

Zé do Cão disse...

Meu caro Anónimo

Havia um homem em Vila Franca, que era campista e também gostava de se colocar em montras vestido de toureiro de Santo António, enfim...
era um fulano bem disposto...
Certa vez numa propriedade em Benavente, onde houve um acampamento, organizaram uma tenta e pediram voluntários para serem moços de forcado. (eu achei antes, fomos forçados, para sermos forcados) Enfiei um barrete à bom ribatejano, bem como mais 8 companheiros. Quando tocou trompete ou corneta para o boi sair do curro, assim que vi o bezerrito aos pulos, adeus praça de touros. Nem sei se o Red bull me ganhava. E olha que tenha estilo, até pus a borla do barrete prá frente.
Abraço