Fim do ano de mil novecentos e oitenta e dois. O Zé, mais a sua “Dona” e os dois pequenitos, preparavam-se para partir numa mudança de ares que demorou vinte anos. Mudança radical de emprego, mudança da linha do Estoril para a cidade mais importante da província do Minho. Usos e costumes diferentes ao que estávamos habituados.
Todavia, para juntar a tantas outras historias que já tive na vida, aconteceu-me esta, que durante muito tempo fui desviando do pensamento para não a contar. Faço-o hoje, não pela graça que o caso possa ter, mas com intuito de dar mais uma achega ao problema das injustiças que se fazem em Portugal.
A “Dona” trabalhava no Hospital de Santa Cruz na parte da manhã e de tarde na Siderurgia Nacional, em Aldeia de Paio Pires, empresa que já se finou e onde mais de seis mil trabalhadores ganhavam o pão de cada dia. É com orgulho que digo que era a única trabalhadora da sua especialidade (lugar que estava destinado a uma familiar da Administração) merecidamente ganho por ela em concurso.
Alguns dias da semana eu ficava com o mais velhinho (dois anos) e ela levava o pequenito na alcofinha, ficando algumas noites em casa dos seus pais.
Aconteceu que o primeiro, ou por minha falta de jeito ou por não saber tratar convenientemente, teve uma diarreia que me atrapalhou emocionalmente, tendo necessidade de às duas horas da manhã levá-lo aos cuidados da mamã, que estava em casa dos seus pais na outra margem do Tejo.
Depois foi uma corrida à povoação de Arrentela, comprar medicamentos na única farmácia em serviço naquela área.
O farmacêutico demorou tanto tempo a atender-me que me desesperou, tirando na minha presença os preços das caixas e voltando a colocá-los, quando lhe chamei a atenção para o facto de não beneficiar de qualquer desconto, já que a receita não era da Segurança Social. Fez a conta na receita e, quando cheguei a casa, comentei que os medicamentos eram caros. A “Dona” pega nas caixas e diz-me que os preços tinham sido alterados. Efectivamente os preços não eram aqueles, confrontei-os noutra farmácia em Lisboa, tendo ido apresentar queixa no departamento das actividades económicas, sito na Avenida Duque D’Ávila.
Foi aberto processo e, decorridos 3 meses, fui inquirido para saberem como tinha decorrido o caso; assinei e fiquei à espera. Decorridos outra vez mais 3 ou 4 meses, sou chamando novamente, inquirindo-me de novo para confirmarem se mantinha as minhas declarações. Aí, não gostei, tendo perguntado se tinham ouvido o farmacêutico. Responderam-me que sim e que ele confirmou que tinha feito de propósito. Nessa altura não resisti e perguntei para que me chamavam se já estava tudo mais do que esclarecido.
Fiquei novamente sentado à espera da resolução, mas chegou a hora da mudança para o Norte. Por esse facto, escrevi uma carta aos serviços atrás descritos, indicado o respectivo número de processo e a minha nova morada.
Recebi nessa altura a visita de 6 (seis) agentes da delegação da área local, para inquirirem o porquê daquela minha comunicação. Estava a ficar farto de tanta (in)competência.
Quatro ou cinco anos depois, entrei em contacto com os serviços das Actividades Económicas para saber como estaria o assunto e tenho conhecimento de que com a entrada de sua Excelência, O Sr. Dr. Mário Soares, para Presidente da Republica, o processo tinha sido amnistiado.
Perguntei, em desabafo, se custava muito darem a informação ao reclamante da resolução do processo e o seu consequentemente arquivamento.
Esclareceram-me pelo telefone que se pretendesse receber o que legitimamente me pertencia, teria de o fazer através do tribunal.
Se acredito em Justiça? Não, caros amigos, não acredito.
Todavia, para juntar a tantas outras historias que já tive na vida, aconteceu-me esta, que durante muito tempo fui desviando do pensamento para não a contar. Faço-o hoje, não pela graça que o caso possa ter, mas com intuito de dar mais uma achega ao problema das injustiças que se fazem em Portugal.
A “Dona” trabalhava no Hospital de Santa Cruz na parte da manhã e de tarde na Siderurgia Nacional, em Aldeia de Paio Pires, empresa que já se finou e onde mais de seis mil trabalhadores ganhavam o pão de cada dia. É com orgulho que digo que era a única trabalhadora da sua especialidade (lugar que estava destinado a uma familiar da Administração) merecidamente ganho por ela em concurso.
Alguns dias da semana eu ficava com o mais velhinho (dois anos) e ela levava o pequenito na alcofinha, ficando algumas noites em casa dos seus pais.
Aconteceu que o primeiro, ou por minha falta de jeito ou por não saber tratar convenientemente, teve uma diarreia que me atrapalhou emocionalmente, tendo necessidade de às duas horas da manhã levá-lo aos cuidados da mamã, que estava em casa dos seus pais na outra margem do Tejo.
Depois foi uma corrida à povoação de Arrentela, comprar medicamentos na única farmácia em serviço naquela área.
O farmacêutico demorou tanto tempo a atender-me que me desesperou, tirando na minha presença os preços das caixas e voltando a colocá-los, quando lhe chamei a atenção para o facto de não beneficiar de qualquer desconto, já que a receita não era da Segurança Social. Fez a conta na receita e, quando cheguei a casa, comentei que os medicamentos eram caros. A “Dona” pega nas caixas e diz-me que os preços tinham sido alterados. Efectivamente os preços não eram aqueles, confrontei-os noutra farmácia em Lisboa, tendo ido apresentar queixa no departamento das actividades económicas, sito na Avenida Duque D’Ávila.
Foi aberto processo e, decorridos 3 meses, fui inquirido para saberem como tinha decorrido o caso; assinei e fiquei à espera. Decorridos outra vez mais 3 ou 4 meses, sou chamando novamente, inquirindo-me de novo para confirmarem se mantinha as minhas declarações. Aí, não gostei, tendo perguntado se tinham ouvido o farmacêutico. Responderam-me que sim e que ele confirmou que tinha feito de propósito. Nessa altura não resisti e perguntei para que me chamavam se já estava tudo mais do que esclarecido.
Fiquei novamente sentado à espera da resolução, mas chegou a hora da mudança para o Norte. Por esse facto, escrevi uma carta aos serviços atrás descritos, indicado o respectivo número de processo e a minha nova morada.
Recebi nessa altura a visita de 6 (seis) agentes da delegação da área local, para inquirirem o porquê daquela minha comunicação. Estava a ficar farto de tanta (in)competência.
Quatro ou cinco anos depois, entrei em contacto com os serviços das Actividades Económicas para saber como estaria o assunto e tenho conhecimento de que com a entrada de sua Excelência, O Sr. Dr. Mário Soares, para Presidente da Republica, o processo tinha sido amnistiado.
Perguntei, em desabafo, se custava muito darem a informação ao reclamante da resolução do processo e o seu consequentemente arquivamento.
Esclareceram-me pelo telefone que se pretendesse receber o que legitimamente me pertencia, teria de o fazer através do tribunal.
Se acredito em Justiça? Não, caros amigos, não acredito.
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