O António Santos Pato era um homem na casa dos 60 anos, casado, saudável, que nunca tinha ido a um médico e vivia na Vila de Palmela de onde era natural.
Palmelão com muito orgulho, falador, amigo dos amigos, não lhe era difícil granjear novos conhecidos, mais ainda pelo facto da sua profissão ser vendedor.
Adorava brincar, jeito que lhe ficara duma juventude feliz e livre de preocupações. Creio que não haveria colega de profissão que não tivesse recebido alguma marotice daquela “criança” com cabelos brancos e já avô.
Recordo que o Santos Pato, em certo dia de S. Martinho, quando com uns colegas comemorava aquela data, ofereceu para acompanhar o repasto um vinho da sua lavra. Um espanto. Um DOC, uma categoria, segundo as suas palavras. Afinal não era mais nem menos do que uma “surripa” já azeda que nem para vinagre servia. E que gozo lhe dava estas “sacanagens”, sendo a sua presença disputada, pois a sua disposição, aliado a uma anedota sempre apimentada fazia as delicias dos acompanhantes da mesa onde estivesse.
Para se deslocar no exercício da sua profissão, dispunha de um “Morris 1.000”, carrito inglês, com que ele embirrava, porque lhe dava a sensação de quando o conduzia arrastava o “assento” pelo asfalto.
Certa altura o Santos Pato perdeu a alegria, a satisfação de comer, sentia que não estava bem e portanto com o conselho da mulher resolveu ir ao seu médico de família, que por sinal nem conhecia.
Ouvia dizer que nos Centros de Saúde o atendimento era péssimo e que os médicos recebiam ordens para não prescreverem exames e medicamentos caros. Afinal veio encantado com o acolhimento que lhe foi prestado, tendo o clinico imposto ao Santos Pato a necessidade de efectuar uns exames complementares para confirmar ou não as suas suspeitas.
Com toda a sua paciência e desejoso de se pôr bom, deixou de beber bebidas alcoólicas, entrou em dieta e preparou-se para ir a Setúbal a uma clinica efectuar os referidos exames.
Previamente teve de fazer uma limpeza intestinal, “gramando” com o pipo do irrigador pelo ânus acima, coisa que já não foi lá muito do seu agrado, somente atenuado pelo facto da enfermeira ter sido a sua mulher.
Doente sofre, e o Santos Pato enquanto não estivesse bem, tinha-se tornado um sofredor pacífico.
No dia aprazado, o nosso amigo perdeu o “pio” e lá foi, angustiado, qual condenado a subir ao cadafalso, disposto a sujeitar-se a tudo, porque no fundo afinal o que ele pretendia era ver-se livre da sua doença.
Para o Santos Pato, que nunca se tinha vista naqueles assados, foi como se tivesse sido recebido com pompa e circunstância. Mandaram-no despir-se, ficou com as suas “intimidades” à mostra, nervoso, envergonhado, já que a bata que lhe deram era daquelas que tapa pela frente mas deixa o rabo de fora, ou vice-versa.
Novo clister, desta vez 2 a 2,5 litros de uma massa branca líquida que teria de encher os intestinos para um raio-x opaco, aplicado por mão sábia e experiente, mas sem o carinho a ternura e a paciência da sua cara metade, fruto de tantos e tantos anos de casado.
.
Acabado o exame, indicaram-lhe onde era casa de banho para se aliviar de tamanho fardo e, ainda não estava bem sentado, fez uma descarga enorme e com tanta velocidade que se sentiu mais leve, feliz e até parecia que os seus males tinham desaparecido.
Vestiu-se e sem dizer adeus aos presentes, abre a porta e encaminhou-se para a saída, onde o esperava o Morris 1000 para fazer o regresso a casa.
Dado a sua saída precipitada, ninguém avisou o Santos Pato de que na primeira descarga o volume saído não deveria ultrapassar 2,5 a 3 dcl, do que tinha “engolido” pela via rectal.
Portanto, ainda antes de começar a descer as escadas principais da Clínica, dores abdominais anunciaram-lhe a chegada de novas convulsões.
O Santos Pato aperta-se, consegue dominar-se, arrastando os pés até junto do “Morris”, mete a chave, abre a porta e ao levantar a perna para entrar e antes de estar sentado, “aqui vai disto amigos que é de graça”. Em “esguicho e de palheta aberta”, aquele liquido espesso e branco corre-lhe pelas pernas abaixo.
A partir daquela altura o Santos Pato perde a vergonha e o pânico, arranca com o carro direito a casa, fazendo mais 4 ou 5 descargas pelo caminho. Quando se aliviava a quantidade acumulada com a pressão subia-lhe pelas costas acima até ao colarinho da camisa.
Quando chegou à porta da sua casa, a mulher esperava-o ansiosa por saber como tinham decorrido as coisas, mas ao ver o “Pato” a sair do carro com as “patas” todas salpicadas de branco fruto daquela massa que lhe escorria pelas pernas abaixo, pergunta-lhe se ele tinha andado nas obras a trabalhar com estuque.
Andei sim mulher, andei, andei nas obras e como vês estou todo obrado.
Só te digo que nunca mais lá me apanham para um trabalho destes.
Meses depois, o Santos Pato voltou a ser o mesmo homem alegre, feliz e pronto para “chapinhar” os amigos, só que estes já estavam a par da ocorrência que o nosso amigo tinha passado e quando entravam num bar para beberem um copo, havia sempre alguém que pedia assim: “Sai um taça de estuque aqui pró Pato”.
Palmelão com muito orgulho, falador, amigo dos amigos, não lhe era difícil granjear novos conhecidos, mais ainda pelo facto da sua profissão ser vendedor.
Adorava brincar, jeito que lhe ficara duma juventude feliz e livre de preocupações. Creio que não haveria colega de profissão que não tivesse recebido alguma marotice daquela “criança” com cabelos brancos e já avô.
Recordo que o Santos Pato, em certo dia de S. Martinho, quando com uns colegas comemorava aquela data, ofereceu para acompanhar o repasto um vinho da sua lavra. Um espanto. Um DOC, uma categoria, segundo as suas palavras. Afinal não era mais nem menos do que uma “surripa” já azeda que nem para vinagre servia. E que gozo lhe dava estas “sacanagens”, sendo a sua presença disputada, pois a sua disposição, aliado a uma anedota sempre apimentada fazia as delicias dos acompanhantes da mesa onde estivesse.
Para se deslocar no exercício da sua profissão, dispunha de um “Morris 1.000”, carrito inglês, com que ele embirrava, porque lhe dava a sensação de quando o conduzia arrastava o “assento” pelo asfalto.
Certa altura o Santos Pato perdeu a alegria, a satisfação de comer, sentia que não estava bem e portanto com o conselho da mulher resolveu ir ao seu médico de família, que por sinal nem conhecia.
Ouvia dizer que nos Centros de Saúde o atendimento era péssimo e que os médicos recebiam ordens para não prescreverem exames e medicamentos caros. Afinal veio encantado com o acolhimento que lhe foi prestado, tendo o clinico imposto ao Santos Pato a necessidade de efectuar uns exames complementares para confirmar ou não as suas suspeitas.
Com toda a sua paciência e desejoso de se pôr bom, deixou de beber bebidas alcoólicas, entrou em dieta e preparou-se para ir a Setúbal a uma clinica efectuar os referidos exames.
Previamente teve de fazer uma limpeza intestinal, “gramando” com o pipo do irrigador pelo ânus acima, coisa que já não foi lá muito do seu agrado, somente atenuado pelo facto da enfermeira ter sido a sua mulher.
Doente sofre, e o Santos Pato enquanto não estivesse bem, tinha-se tornado um sofredor pacífico.
No dia aprazado, o nosso amigo perdeu o “pio” e lá foi, angustiado, qual condenado a subir ao cadafalso, disposto a sujeitar-se a tudo, porque no fundo afinal o que ele pretendia era ver-se livre da sua doença.
Para o Santos Pato, que nunca se tinha vista naqueles assados, foi como se tivesse sido recebido com pompa e circunstância. Mandaram-no despir-se, ficou com as suas “intimidades” à mostra, nervoso, envergonhado, já que a bata que lhe deram era daquelas que tapa pela frente mas deixa o rabo de fora, ou vice-versa.
Novo clister, desta vez 2 a 2,5 litros de uma massa branca líquida que teria de encher os intestinos para um raio-x opaco, aplicado por mão sábia e experiente, mas sem o carinho a ternura e a paciência da sua cara metade, fruto de tantos e tantos anos de casado.
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Acabado o exame, indicaram-lhe onde era casa de banho para se aliviar de tamanho fardo e, ainda não estava bem sentado, fez uma descarga enorme e com tanta velocidade que se sentiu mais leve, feliz e até parecia que os seus males tinham desaparecido.
Vestiu-se e sem dizer adeus aos presentes, abre a porta e encaminhou-se para a saída, onde o esperava o Morris 1000 para fazer o regresso a casa.
Dado a sua saída precipitada, ninguém avisou o Santos Pato de que na primeira descarga o volume saído não deveria ultrapassar 2,5 a 3 dcl, do que tinha “engolido” pela via rectal.
Portanto, ainda antes de começar a descer as escadas principais da Clínica, dores abdominais anunciaram-lhe a chegada de novas convulsões.
O Santos Pato aperta-se, consegue dominar-se, arrastando os pés até junto do “Morris”, mete a chave, abre a porta e ao levantar a perna para entrar e antes de estar sentado, “aqui vai disto amigos que é de graça”. Em “esguicho e de palheta aberta”, aquele liquido espesso e branco corre-lhe pelas pernas abaixo.
A partir daquela altura o Santos Pato perde a vergonha e o pânico, arranca com o carro direito a casa, fazendo mais 4 ou 5 descargas pelo caminho. Quando se aliviava a quantidade acumulada com a pressão subia-lhe pelas costas acima até ao colarinho da camisa.
Quando chegou à porta da sua casa, a mulher esperava-o ansiosa por saber como tinham decorrido as coisas, mas ao ver o “Pato” a sair do carro com as “patas” todas salpicadas de branco fruto daquela massa que lhe escorria pelas pernas abaixo, pergunta-lhe se ele tinha andado nas obras a trabalhar com estuque.
Andei sim mulher, andei, andei nas obras e como vês estou todo obrado.
Só te digo que nunca mais lá me apanham para um trabalho destes.
Meses depois, o Santos Pato voltou a ser o mesmo homem alegre, feliz e pronto para “chapinhar” os amigos, só que estes já estavam a par da ocorrência que o nosso amigo tinha passado e quando entravam num bar para beberem um copo, havia sempre alguém que pedia assim: “Sai um taça de estuque aqui pró Pato”.