.
Ao iniciar este conto, devo esclarecer os que dedicam algum tempo à sua leitura, que o Albano (nome verdadeiro) foi o melhor amigo que tive na vida, foi aquele com quem tive passagens inesquecíveis. De linguagem fácil e com permanente dose de humor, fazia de nós uma parelha inseparável.
Era o amigo que todos gostariam de ter pela vida fora e aqui para nós, podem crer, que falta me faz este AMIGO.
Este conto não é mais do que uma homenagem que lhe pretendo prestar, pelo seu falecimento em Novembro de 2006, vítima de ser fumador. Doença terrível e de grande sofrimento.
Eu era mais velho do que ele 5 anos, conheci-o quando tinha 14 e fui eu que lhe arranjei o seu primeiro emprego.
Fruto daquela doença, em fases agudas esteve no último ano da sua vida internado várias vezes em Hospital e numa delas passou-se este caso.
Contrariando as normas hospitalares, ele conseguia levar o telemóvel lá para dentro, para não se sentir tão só. O aparelho era grande mas gostava dele porque telefonava, era a sua função e isso já o deixava satisfeito.
Numa das vezes, ao receber uma chamada de alguém amigo mas que desconhecia o seu internamento, participou-lhe que estava no hospital a fazer uns exames. Como a pessoa estranhou o facto, ele rematou a conversa desta maneira.
“Sim, sim, com tantos exames, quando sair daqui já sou médico”. Por esta tirada já podem imaginar quão bem disposto era o Albano.
Pela experiência de outras vezes em que esteve internado, sabia que não podia levar carteira, dinheiro, telemóvel etc. Sempre que chegava a altura de entregar os seus pertences, lamuriava-se pelo facto de não poder levar o celular. De uma delas não se lamuriou e foi a própria empregada a chamar-lhe a atenção, pela sua compreensão ao não se fazer acompanhar de tal objecto. Mal sabia ela que ele o levava escondido entre as cuecas e no conforto das suas partes mais intimas. Como estava muito debilitado, foi uma enfermeira que lhe deu banho, contra a feroz resistência do Albano.
A enfermeira, brasileira, com aquele sotaque característico do seu país, insiste, ele continua a não querer, ela já farta e querendo despachar-se, já que outros pacientes aguardavam a sua vez, deita-lhe as mãos às cuecas para o despir e nesse momento exacto o telemóvel começa a tocar a “banda”, o seu toque preferido, perante a admiração da enfermeira, pois não esperava, num hospital, dentro da casa de banho e já com a água quente, ouvir uma melodia do Xico Buarque seu conterrâneo, a surdir de tão estranho sitio.
Os tomates do Albano, já de si murchos da doença e da guerra aberta com a brasileira, mirraram ainda mais e o telemóvel caiu no chão feito em cacos, não havendo portanto possibilidade de saber quem o queria contactar.
Lá tomou o seu banhinho, com a enfermeira de quando em quando a desatar a rir por tão estranha e insólita ocorrência.
No outro dia, como habitual, apareci para o visitar e ao cruzar-me com a enfermeira que já me conhecia como visita do internado, das outras inúmeras vezes que lá fui, cumprimenta-me e diz assim, voltando as costas e seguindo de imediato o seu caminho.
“O seu amigo fala pra Pinto”. Como sei o que quer dizer pinto em brasileiro, percebi imediatamente que algo raro se teria passado.
Com muita dificuldade ao falar, com a graça que punha nas suas conversas, lá me contou toda aquela cena e que a enfermeira devia estar admirada do volume que tinha entre as pernas e que o mais engraçado tinha sido quando o gajo começou a tocar, mas que depois lhe tinha lavado as “peles” com muito ternura, talvez ao recordar-se de algum carnaval da Baía lá no seu Brasil distante.
Esquecendo o seu padecimento deu uma gargalhada, que lhe causou um ataque de tosse e houve necessidade de lhe colocar oxigénio.
Era o amigo que todos gostariam de ter pela vida fora e aqui para nós, podem crer, que falta me faz este AMIGO.
Este conto não é mais do que uma homenagem que lhe pretendo prestar, pelo seu falecimento em Novembro de 2006, vítima de ser fumador. Doença terrível e de grande sofrimento.
Eu era mais velho do que ele 5 anos, conheci-o quando tinha 14 e fui eu que lhe arranjei o seu primeiro emprego.
Fruto daquela doença, em fases agudas esteve no último ano da sua vida internado várias vezes em Hospital e numa delas passou-se este caso.
Contrariando as normas hospitalares, ele conseguia levar o telemóvel lá para dentro, para não se sentir tão só. O aparelho era grande mas gostava dele porque telefonava, era a sua função e isso já o deixava satisfeito.
Numa das vezes, ao receber uma chamada de alguém amigo mas que desconhecia o seu internamento, participou-lhe que estava no hospital a fazer uns exames. Como a pessoa estranhou o facto, ele rematou a conversa desta maneira.
“Sim, sim, com tantos exames, quando sair daqui já sou médico”. Por esta tirada já podem imaginar quão bem disposto era o Albano.
Pela experiência de outras vezes em que esteve internado, sabia que não podia levar carteira, dinheiro, telemóvel etc. Sempre que chegava a altura de entregar os seus pertences, lamuriava-se pelo facto de não poder levar o celular. De uma delas não se lamuriou e foi a própria empregada a chamar-lhe a atenção, pela sua compreensão ao não se fazer acompanhar de tal objecto. Mal sabia ela que ele o levava escondido entre as cuecas e no conforto das suas partes mais intimas. Como estava muito debilitado, foi uma enfermeira que lhe deu banho, contra a feroz resistência do Albano.
A enfermeira, brasileira, com aquele sotaque característico do seu país, insiste, ele continua a não querer, ela já farta e querendo despachar-se, já que outros pacientes aguardavam a sua vez, deita-lhe as mãos às cuecas para o despir e nesse momento exacto o telemóvel começa a tocar a “banda”, o seu toque preferido, perante a admiração da enfermeira, pois não esperava, num hospital, dentro da casa de banho e já com a água quente, ouvir uma melodia do Xico Buarque seu conterrâneo, a surdir de tão estranho sitio.
Os tomates do Albano, já de si murchos da doença e da guerra aberta com a brasileira, mirraram ainda mais e o telemóvel caiu no chão feito em cacos, não havendo portanto possibilidade de saber quem o queria contactar.
Lá tomou o seu banhinho, com a enfermeira de quando em quando a desatar a rir por tão estranha e insólita ocorrência.
No outro dia, como habitual, apareci para o visitar e ao cruzar-me com a enfermeira que já me conhecia como visita do internado, das outras inúmeras vezes que lá fui, cumprimenta-me e diz assim, voltando as costas e seguindo de imediato o seu caminho.
“O seu amigo fala pra Pinto”. Como sei o que quer dizer pinto em brasileiro, percebi imediatamente que algo raro se teria passado.
Com muita dificuldade ao falar, com a graça que punha nas suas conversas, lá me contou toda aquela cena e que a enfermeira devia estar admirada do volume que tinha entre as pernas e que o mais engraçado tinha sido quando o gajo começou a tocar, mas que depois lhe tinha lavado as “peles” com muito ternura, talvez ao recordar-se de algum carnaval da Baía lá no seu Brasil distante.
Esquecendo o seu padecimento deu uma gargalhada, que lhe causou um ataque de tosse e houve necessidade de lhe colocar oxigénio.