27.11.10

Sanatório e a Serra da Estrela


Durante anos e anos, tive um fascínio pela Serra e das suas Estrelas. Na Covilhã tenho um amigo que já não vejo há anos.
Nasceu na Serra, vive na Covilhã e tem uma casa de férias em Manteigas em plena Serra e outra de madeira junto da Torre. ( julgo que essa já foi desmantelada)
Já muitas vezes falamos sorte o tema, e diz-me, que é assim que se sente bem e está muito feliz. Nasceu na Serra e é na Serra que passa as suas férias.
Certa vez, convidei amigos e em cinco automóveis completamente cheios, fomos a uma sexta-feira à Serra da Estrela, para fazer um fim de semana doido. Comportamento igual aos das crianças. Rolar na neve, fazer scú (como sabem é deslizar sentado num plástico).
Seria tudo muito bonito, mas faltou-nos alguma coisa. Quisemos marcar alojamento, mas encontrava-se tudo esgotado. Não tem mal, alguma coisa se há-de arranjar.
Chegamos já noite dentro e bati à porta desse amigo, que não estranhou ver-me, já que o Zé fazia-lhe esta partida muitas vezes. Daquela vez ficou naturalmente atrapalhado, perguntando-me se tinhamos ido de autocarro, tal era a quantidade de gente que me acompanhava. Comida não o atrapalhou, dado o churrasco do seu quintal ainda ter alguma brasas, atirou-lhe com febras de porco e todos gritaram que já não podiam comer mais. (Ficou com a despensa vazia). Dormida era mais complicado, saiu, pedindo que esperássemos um pouco, e dentro de meia hora, apareceu qual S. Pedro e com um montão de chaves.
Pega no seu carro e ordena-nos para o seguir. Serra acima, noite escura ,nevoeiro serrado, frio de rachar, íamos comentando, qual o sitio para onde nos levaria.
Chegou finalmente, saímos junto a um grande edifício e diz assim. Meus amigos, aqui há camas para todos, estejam à vontade, logo pela manhã venho ter convosco, o Hotel não tem estrelas, mas talvez tenha luz eléctrica e água corrente, este Sanatório já foi desactivado há uns tempos.
E foi assim, que o Zé e os seus amigos passaram uma noite a baterem dentes, que mais parecia o acompanhamento de uma dança de flamengo com o som das suas castanholas, e pela manhã não podemos lavar a cara, dado a água estar congelada dentro dos canos ou provavelmente estar desligada.
Telefonei para a mãe Júlia, informando-a que tínhamos ficado num Sanatório.
Coitada, ficou preocupadíssima e perguntou se estávamos muito feridos.

15.11.10

Hotel Estoril Sol


Decorria a época de Páscoa do ano de mil novecentos e setenta e oito, e a revolução ainda estava a fazer os seus efeitos. (não admira, ainda hoje a sentimos)
A "Macieira" empresa portuguesa de origem familiar que dava o nome à aguardente do mesmo nome de 3 e 5 estrelas, representava no nosso País a maior empresa de bebidas espirituosas do mundo.
Uma das firmas em que o Zé se entretinha a ganhar a vida, nesse ano teve um volume de vendas em bebidas a ultrapassar um milhão de contos. Era obra, e demonstrava alicerces de estabilidade. Anos mais tarde, caiu como tantas outras e hoje já nem existe.
Esta firma, foi convidada, bem como outras do nosso País para estarem presente com os seus vendedores, durante quatro dias num seminário, que se realizaria no Hotel Estoril Sol ( que mais tarde foi demolido para dar origem a um outro complexo hoteleiro). Estiveram presentes empresas do norte a sul, incluindo Açores e Madeira, mas a empresa do Zé batia o record, com uma presença de vendedores a rondar os quarenta e cinco.
O Zé não sendo vendedor fazia parte do "staf" administrativo e na quinta feira aprazada, na sede da empresa juntaram-se todos os indigitados para seguirem ao mesmo tempo, a caminho do Estoril. Ainda se pensou no aluguer de uma camioneta, mas optou-se pela utilização das viaturas particulares, aproveitando alguns, boleias dos colegas.
Evidentemente, para uma estadia de quatro dias, é óbvio que cada levaria uma mala ou saco com os seus apetrechos de higiene e alguma roupa para muda.
Aquele dia de primavera estava bonito, com um sol radiante, mas com vento forte.
O Vasques chegou cedo, trazia uma mala enorme que mais parecia um "molaflex" e ia esperando a chegada de outros colegas. A mala despertou-me a atenção pelo seu tamanho e pensei com os meus botões « Serás que o Vasques vai até Moçambique?» e sem ninguém dar por isso, meti o nariz para ver o que tinha dentro. Apenas duas camisas e um estojo de barba. Creiam que relato a verdade, apenas duas camisas o que quer dizer que dançavam dentro da mala. Logo naquele momento tratei de pensar qual a partida que lhe faria. Fui buscar jornais, das suas folhas fiz bolas, muitas, muitas bolas e metias dentro da mala, com a certeza de que não daria por isso dado não haver grande alteração de peso. E na realidade não deu.
Partimos, passamos a ponte sobre o Tejo e quando chegamos ao Hotel, debaixo daquela monumental pala que existia frente à porta, um porteiro de sobretudo verde, cheio de galões e boné abria a porta para os passageiros saírem pegava nas malas, colocando-as na escadaria, onde os paquetes as vinham buscar para as levar aos quartos depois de fazer a sua identificação. Para quem não conhece, estou a falar do Hotel mais importante de Portugal naquela altura.
Quando chegou a vez do carro Nissan onde se transportava o Vasques, este saiu, retira a mala da viatura e o referido porteiro deita a mão ao "molaflex" e quando se dirigia às escadas, aquela abriu-se, cai as duas camisas e o estojo de barba, as bolas feitas com as folhas dos jornais atiçadas pelo vento voam por toda a parte e a cara do Vasques num segundo mudou de cor uma série de vezes.
O porteiro ficou siderado, meteu a mala nas mãos do Vasques e diz-lhe que não está ali para brincar e que o Hotel é um local de respeito.
Eu que tinha feito a partida e que nem sequer sabia como iria acabar, fico muito sério, enquanto outros colegas do Vasques desatam a rir, e alguns não achando graça demonstram o seu desagrado.
O Vasques dominando a sua ira, olha muito sério para o condutor do "pópó" onde tinha ido e diz assim bem alto. Eu não te disse que perdias a aposta. Eu não te disse que era capaz de fazer isto e que o porteiro não ia apanhar os papéis. Rebenta gargalhada geral e todos ficaram a pensar que tudo aquilo não tinha passado de uma brincadeira entre eles.
No entanto, uma hora depois, num dos corredores do hotel diz-me assim. «Ó Sr. José, se eu soubesse quem me fez esta partida, garanto-lhe que já não levava a mala para casa. Enfiava-lhe pelos cornos abaixo». Até me doeu a barriga de rir tanto, que deu aso a que me perguntasse.« Não me diga que foi você»
Vasques, eu era lá capaz de fazer uma coisa destas, isso são brincadeiras de mau gosto e demais num sitio destes...
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14.11.10

A CASA DA MARIQUINHAS


A casa da Maraquinhas, deixou de ter janelas com tabuinhas, passou a partir de agora a ter portadas bem modernas que quando abertas deixam entrar o astro Rei que a aquece e consequentemente os seus moradores sentem mais alegria e felicidade por lá viverem.
Ontem 13 de Novembro de 2010, pelas 16 horas, foi feito na Biblioteca Municipal José Saramago , na Cidade de Almada o lançamento do livro de autoria da nossa querida amiga Maria Caiano Azevedo, conhecida por Mariazita do Blogue "A casa da Mariquinhas".
Foi uma festa, simples, bonita, recheada de carinho e calor humano e a sua fotografia a ilustrar este texto demonstra bem quanto estava feliz.
Daqui, o Zé deseja-lhe imensas êxitos... e que, com ou sem as tabuinhas pode contar sempre com os seus amigos.