O Zé sempre gostou muito de pombinhas e esta, no Parque Maria Luiza em Sevilha, não resistindo aos meus encantos veio dar-me um beijinho.
.Namorei uma morena, uma bela rapariga de vinte e tantos anos, natural de Castelo Branco, mas a viver em Paço de Arcos desde os 6, para onde veio em companhia dos progenitores, que tinham acabado de arranjar trabalho naquela vila da linha do Estoril.
A moça era bonita (com aquela idade todas são), graciosa, trabalhadora e terminámos nem sei bem porquê. Qualquer coisa de arrufo de mal me quer, bem me quer, o certo é que me voltei para o outro lado, como quem acorda estremunhado e tem necessidade de dormir mais um bocado e não dá atenção ao que o rodeia.
No entanto, durante o nosso tempo de convívio fomos felizes, soubemos viver a vida à nossa maneira, como pudemos ou nos deixaram.
Por nos ter acontecido algumas situações de bom humor, não vou deixar desperdiçar a oportunidade de contar um caso ocorrido na Cidade de Sevilha, onde nos deslocamos para assistir à Feira de Abril.
As “maçarocas” andavam em baixo e portanto, a tempo e horas, resolvemos marcar a nossa viagem de forma a não deixar nada ao acaso e evitar qualquer surpresa desagradável. Afinal, pelos vistos foi deixa andar e fé em Deus.
O Zé tinha uma viatura 500 da marca Fiat, que fez a viagem numa média de 40/50 Km hora, muito bom para a época, já que as estradas, especialmente as espanholas, nalguns sítios eram só um buraco. Na altura e à falta de melhor, era uma “máquina”, na gíria dos entendidos, especialmente aqueles, que, como eu nunca tinham tido outro…
O calor era insuportável. Fizemos a visita nos últimos dias da Feira e esta encontrava-se no auge, as sevilhanas com os trajos regionais e festivos, montando os cavalos sentadas de lado, agarradas à cintura do cavaleiro também com o trajo a rigor, as “charretes” das casas senhoriais com os senhores das terras e suas “donas”, as flores nas orelhas, os empregados também vestidos a condizer e a conduzir as ditas, com destino ao picadeiro, com as ruas engalanadas de bolas brancas e vermelhas, as “casetas”, milhares de pequenas esplanadas particulares e poiso de descanso para uns pés mais doridos; depois de percorrer todas as ruas da Feira, estávamos exaustos.
Quando nos sentimos bem num lugar, o tempo passa rapidamente sem darmos por isso e foi o que nos aconteceu. Portanto, já noite alta desatámos a procurar local para pernoitar e a todas as portas que batemos não era possível satisfazerem os nossos desejos, até que, já desesperados, lá conseguimos um “Hostal” que nos acolhia por um preço igual a um hotel de 4 estrelas. Naquela altura não há que pensar; é pegar ou largar, mas iria desajustar todo o orçamento daquele passeio.
A entrada da unidade hoteleira dava para um pátio andaluz, sendo o seu recheio composto de muitas flores, duas cadeiras de verga, onde numa delas estava sentada uma mulher grande e gorda, que na minha imaginação admiti ser a dona. Não me enganei.
Foi-nos atribuído um quarto com cama de casal num terceiro andar, cuja subida era feita através de escada por dentro do referido pátio. Depois, lá em cima, tinha um corredor que servia todos os quartos de cada andar e portanto a patroa, cá debaixo praticamente controlava todo o movimento no “Hostal”, sem levantar o “assento” da cadeira de verga.
O quarto era modestíssimo, não tinha casa de banho, mas tinha cama, duas mesas de cabeceira, uma cadeira e um roupeiro que naquele tempo se chamava de guarda-vestidos, uma janela já carcomida do caruncho e um lavatório assente em suportes de ferro fundido com arabescos e as ligações às duas torneiras que pingavam, com tubos de chumbo a sair da parede.
A Lurdocas, era assim que eu chamava à minha companheira de amores e de viagem, necessitou de se lavar e, como não tinha outra maneira mais à mão, resolveu lavar os seus “baixios” no lavatório, usando para se colocar à altura do mesmo a cadeira existente no quarto.
Ainda lhe chamei a atenção que aquilo podia dar para o torto, mas não aceitando a minha observação, coloca água no lavatório (quente não havia), sobe a cadeira virada para o dito, volta-se, quer sentar-se mas o espaldar da cadeira era um pouco mais alto, impedindo uma boa execução do serviço.
Com jeito a mais, ou falta dele, assenta o “sim senhor” no lavatório com a mesma naturalidade e à vontade como se estivesse no bidé. Os suportes não aguentaram o seu peso, os tubos de chumbo dobraram, partiram, e o lavatório cai no chão fazendo um barulho medonho e a água, sem nada para a impedir, saía com força de 8/9 bares, ficando a Lurdocas estatelada no chão. Não se magoando, já que Deus à menina e ao borracho põe a mão por baixo, levanta-se imediatamente e coloca um dedo de cada mão nos buracos de onde saía água na tentativa de a fazer parar. Espera aí que já paras, aquilo foi uma lavagem tipo máquina de estação de serviço; as partes intimas onde já tinha passado o sabonete estavam cheia de espuma e a água em repuxo e alta pressão pela colocação dos dedos a impedir a sua saída tratou de fazer a lavagem definitiva e completa, faltando somente secador, para pentear e fazer risca ao lado. Estávamos os dois em pânico, abri a porta e lá de cima debruçado no balcão chamei a patroa, desenrolando-se esta conversação:
Senhora... Senhora...
Cunho, Cunho, já me desgraciaste, foste labar el culo no lababo. és el costumbre...
Deu-me vontade rir, porque me apercebi que pelo barulho que o acidente fez, ela soube logo do que se tratava, pois decerto a outros já teria acontecido a mesma coisa.
E o mais curioso é que nem se deu ao trabalho de ir lá acima, foi-se à torneira de segurança, fechou-a e o “Hostal” esteve sem água até ser reparado no outro dia, tendo a brincadeira custado ao Zé a quantia de 250$00 (muita massa), fazendo com que a visita à Feira tivesse terminado logo ali, não sem antes primeiro tirar umas fotografias com as pombinhas no parque Maria Luíza. Regressámos à capital portuguesa de imediato e a fazer refeição de sandes de atum durante toda a viagem, exceptuando uma pequena paragem em Badajoz para comprar uns caramelos da marca “Solana”, que eram iguais aos nossos da marca “Vaquinha” e que eu tinha o cuidado de oferecer a amigos que tivessem dentes postiços, pois adorava ver os gulosos atrapalhados a retirar com muita dificuldade aquela pasta agarrada à dentadura, ocasionando sempre umas valentes gargalhadas.
A moça era bonita (com aquela idade todas são), graciosa, trabalhadora e terminámos nem sei bem porquê. Qualquer coisa de arrufo de mal me quer, bem me quer, o certo é que me voltei para o outro lado, como quem acorda estremunhado e tem necessidade de dormir mais um bocado e não dá atenção ao que o rodeia.
No entanto, durante o nosso tempo de convívio fomos felizes, soubemos viver a vida à nossa maneira, como pudemos ou nos deixaram.
Por nos ter acontecido algumas situações de bom humor, não vou deixar desperdiçar a oportunidade de contar um caso ocorrido na Cidade de Sevilha, onde nos deslocamos para assistir à Feira de Abril.
As “maçarocas” andavam em baixo e portanto, a tempo e horas, resolvemos marcar a nossa viagem de forma a não deixar nada ao acaso e evitar qualquer surpresa desagradável. Afinal, pelos vistos foi deixa andar e fé em Deus.
O Zé tinha uma viatura 500 da marca Fiat, que fez a viagem numa média de 40/50 Km hora, muito bom para a época, já que as estradas, especialmente as espanholas, nalguns sítios eram só um buraco. Na altura e à falta de melhor, era uma “máquina”, na gíria dos entendidos, especialmente aqueles, que, como eu nunca tinham tido outro…
O calor era insuportável. Fizemos a visita nos últimos dias da Feira e esta encontrava-se no auge, as sevilhanas com os trajos regionais e festivos, montando os cavalos sentadas de lado, agarradas à cintura do cavaleiro também com o trajo a rigor, as “charretes” das casas senhoriais com os senhores das terras e suas “donas”, as flores nas orelhas, os empregados também vestidos a condizer e a conduzir as ditas, com destino ao picadeiro, com as ruas engalanadas de bolas brancas e vermelhas, as “casetas”, milhares de pequenas esplanadas particulares e poiso de descanso para uns pés mais doridos; depois de percorrer todas as ruas da Feira, estávamos exaustos.
Quando nos sentimos bem num lugar, o tempo passa rapidamente sem darmos por isso e foi o que nos aconteceu. Portanto, já noite alta desatámos a procurar local para pernoitar e a todas as portas que batemos não era possível satisfazerem os nossos desejos, até que, já desesperados, lá conseguimos um “Hostal” que nos acolhia por um preço igual a um hotel de 4 estrelas. Naquela altura não há que pensar; é pegar ou largar, mas iria desajustar todo o orçamento daquele passeio.
A entrada da unidade hoteleira dava para um pátio andaluz, sendo o seu recheio composto de muitas flores, duas cadeiras de verga, onde numa delas estava sentada uma mulher grande e gorda, que na minha imaginação admiti ser a dona. Não me enganei.
Foi-nos atribuído um quarto com cama de casal num terceiro andar, cuja subida era feita através de escada por dentro do referido pátio. Depois, lá em cima, tinha um corredor que servia todos os quartos de cada andar e portanto a patroa, cá debaixo praticamente controlava todo o movimento no “Hostal”, sem levantar o “assento” da cadeira de verga.
O quarto era modestíssimo, não tinha casa de banho, mas tinha cama, duas mesas de cabeceira, uma cadeira e um roupeiro que naquele tempo se chamava de guarda-vestidos, uma janela já carcomida do caruncho e um lavatório assente em suportes de ferro fundido com arabescos e as ligações às duas torneiras que pingavam, com tubos de chumbo a sair da parede.
A Lurdocas, era assim que eu chamava à minha companheira de amores e de viagem, necessitou de se lavar e, como não tinha outra maneira mais à mão, resolveu lavar os seus “baixios” no lavatório, usando para se colocar à altura do mesmo a cadeira existente no quarto.
Ainda lhe chamei a atenção que aquilo podia dar para o torto, mas não aceitando a minha observação, coloca água no lavatório (quente não havia), sobe a cadeira virada para o dito, volta-se, quer sentar-se mas o espaldar da cadeira era um pouco mais alto, impedindo uma boa execução do serviço.
Com jeito a mais, ou falta dele, assenta o “sim senhor” no lavatório com a mesma naturalidade e à vontade como se estivesse no bidé. Os suportes não aguentaram o seu peso, os tubos de chumbo dobraram, partiram, e o lavatório cai no chão fazendo um barulho medonho e a água, sem nada para a impedir, saía com força de 8/9 bares, ficando a Lurdocas estatelada no chão. Não se magoando, já que Deus à menina e ao borracho põe a mão por baixo, levanta-se imediatamente e coloca um dedo de cada mão nos buracos de onde saía água na tentativa de a fazer parar. Espera aí que já paras, aquilo foi uma lavagem tipo máquina de estação de serviço; as partes intimas onde já tinha passado o sabonete estavam cheia de espuma e a água em repuxo e alta pressão pela colocação dos dedos a impedir a sua saída tratou de fazer a lavagem definitiva e completa, faltando somente secador, para pentear e fazer risca ao lado. Estávamos os dois em pânico, abri a porta e lá de cima debruçado no balcão chamei a patroa, desenrolando-se esta conversação:
Senhora... Senhora...
Cunho, Cunho, já me desgraciaste, foste labar el culo no lababo. és el costumbre...
Deu-me vontade rir, porque me apercebi que pelo barulho que o acidente fez, ela soube logo do que se tratava, pois decerto a outros já teria acontecido a mesma coisa.
E o mais curioso é que nem se deu ao trabalho de ir lá acima, foi-se à torneira de segurança, fechou-a e o “Hostal” esteve sem água até ser reparado no outro dia, tendo a brincadeira custado ao Zé a quantia de 250$00 (muita massa), fazendo com que a visita à Feira tivesse terminado logo ali, não sem antes primeiro tirar umas fotografias com as pombinhas no parque Maria Luíza. Regressámos à capital portuguesa de imediato e a fazer refeição de sandes de atum durante toda a viagem, exceptuando uma pequena paragem em Badajoz para comprar uns caramelos da marca “Solana”, que eram iguais aos nossos da marca “Vaquinha” e que eu tinha o cuidado de oferecer a amigos que tivessem dentes postiços, pois adorava ver os gulosos atrapalhados a retirar com muita dificuldade aquela pasta agarrada à dentadura, ocasionando sempre umas valentes gargalhadas.