20.9.07


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Na Cidade de Setúbal e na estrada que a liga a Palmela, existia até há bem pouco tempo uns cartazes publicitários, anunciando a existência de "anal anestésico" à venda em determinado sex-shop. Na ocasião fiquei boquiaberto e pensei: o mundo tem evoluído a tal velocidade, que se torna difícil a um "velho jarreta", como eu, acompanhá-lo. Depois, com o tempo fui-me habituando (afinal é tudo uma questão de hábito) e agora verifico quanto é oportuno e necessário aqueles anúncios. Senão vejamos: nunca em qualquer outra ocasião o povo português foi tão "comido" como agora. É a gasolina que não pára de subir, depois da liberalização dos preços, são nos super-mercados o leve três e pague dois, com os mesmos produtos mais baratos se levar três e sem estarem sujeito a qualquer promoção, são os impostos que nos angustiam, é a EDP com as facturas bimestrais e os débitos por estimativa, são os apitos dourados, os dirigentes do futebol com os ordenados em dia e os jogadores a passarem fome, a pedofilia na Casa Pia, os vencimentos a aumentar 1,5% quando a inflação chega aos 13, 14 e 15%, é a vergonha da Justiça, do novo imposto sobre o selo automóvel, são os Engs que não são Engs. Enfim... é tanta, tanta, tanta coisa, sem o uso de qualquer "lubrificante anestésico" que, sinceramente, já temos o "traseiro" dorido para toda a vida. Antigamente, no tempo dos nossos bisavós, o lubrificante usual era o sebo, que também servia para besuntar botas e os eixos das carroças, no dos nossos avós imperava a massa consistente, no meu, recordo o filme o último "Tango em Paris" onde o actor Marlon Brando, ao fazer sexo anal com a sua comparsa, usou a margarina Vaqueiro, que na altura era a única que tornava tudo mais apetitoso. Mudam os tempos, mudam os processos, mudam as tecnologias, e aí está a oportunidade do anúncio para gáudio e satisfação deste povo, que assim vê minorar o sofrimento da sua sodomização. Prevejo que virá o tempo em que todas aquelas entidades que ao longo dos anos nos têm "papado", nos enviem a acompanhar as suas más notícias, uma ampola de dose individual daquele produto, no sentido de as aceitarmos com mais satisfação e tranquilidade. Todavia, e enquanto não chegar esse dia, aconselho à juventude, que anda sempre sem "cheta" no bolso, a usar dois dedos juntinhos (o indicador e médio) da mão direita, colocar-lhe em cima uma boa cuspidela, apontem e já está... porque sendo caseiro tem outro sabor, é ecológico e não causa poluição. Ah... já me esquecia, com a mão esquerda afastem as moscas, que naquelas ocasiões são extremamente incómodas.