29.7.09

Vamos limpar Portugal


O computador e a Internet de mãos dadas, conseguiram criar laços entre pessoas nunca antes conhecidas.
É certo que 95% continuam sem se conhecer, mas trocam ideias, confessam ideais e até já se fazem confraternizações que servem para um conhecimento ao vivo.
Por impossibilidade, não estive num desses encontros, todavia, confesso, muito lamentei.
Como compensação, desloquei-me propositadamente ao Porto, para conhecer a sua organizadora e o marido. Senti-me feliz por isso.
Recebo agora da nossa “blogueira Mariazinha”, um convite a aderir à iniciativa de “Vamos Limpar Portugal”.
Admitindo tratar-se de brincadeira, e como Portugal está cheia de lixo de lés a lés (incluindo a minha presença), sugeri, com humor ou não, uma maneira de entre 1.000 efectuar a limpeza dos políticos, com o pensamento no livro de culinária “1.000 maneiras de cozinhar bacalhau”.



Na “casa da Mariquinhas”, A. J. Soares, respeitável “jovem”, que admiro e venero, picou-me dizendo que estava com curiosidade em ver o post que sobre o assunto colocaria no meu espaço.
Com capacidade de redacção, esperava que fosse um primor em poder de persuasão dos portugueses mais distraídos.
Se essa limpeza se refere a percorrer as bermas das estradas e apanhar toda a espécie de objectos que são deitados à rua, pelos automobilistas, ou os entulhos, restos de obras, incluindo colchões, fogões, assadores, etc, etc. tomo o compromisso solene perante a Mariazinha de colocar à sua disposição a boa vontade do Zé, com a oferta de dois dias de salário de um trabalhador.



Se em vez disso, for por exemplo, além da limpeza, denunciar os pseudo construtores, patos bravos, desonestos que fazendo dos outros parvos, (mas que o Código Penal protege), vendendo gato por lebre e não cumprindo depois com o respeito dos 5 anos de garantia, que a lei impõe, também estou disponível para o fazer.
Sobre a classe política, já dei a minha opinião e garanto-vos não retiro uma virgula do que escrevi.
Quem acompanha os escritos do Zé, não tem dificuldade em perceber, que não sou letrado, tendo apenas o curso comercial, acabado em 1.947, fraco de inspiração, limita-se a contar facetas da sua vida (quem as não têm?) como maneira de passar os dias que lhe restam de vida.
Já não sabe fazer pontuações (se é que alguma vez as soube) e os erros de ortografia é o seu pão de cada dia.
Pelas razões expostas, não poderá por escrito ser eloquente e persuadir os portugueses a terem comportamento civilizado, quando toca a quererem desfazer-se do seu lixo.



Os organizadores deste tamanho trabalho, terão que contar com a ajuda da Impressa escrita, da Rádio, da Televisão, das Câmaras Municipais, das Escolas, dos Empreiteiros com as suas camionetas e máquinas, de forma a mobilizar um milhão de pessoas , para que se consiga alguma coisa que se veja, criando ao mesmo tempo condições para que se não repita.

EU ACREDITO…. Chega-te a nós, dá ideias, informa da tua disponibilidade, e atira o teu nome para o blogue de A Casa da Mariquinhas:
Deita o olho ao que se passou na Estónia. 5 horas bastou para ficar limpa.
http://www.youtube.com/watch?v=T7GZfMD6LHs
Um abraço a todos os colaborantes, e tu deita também mãos à obra….
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22.7.09

A carta de condução - Parte II


A recepcionista informa-o de que a consulta custava cinco mil escudos, sendo-lhe respondido que nada tinha a pagar, em virtude de estar ali por ordem do médico proprietário do consultório.
Quando chegou a sua vez, foi chamado e a empregada, para salvaguardar a sua responsabilidade, informa o especialista de que o Sr. António achava que nada tinha a pagar. O António explica que não estava preparado com aquela quantia, dado a consulta inicial ser “vinte escudos”.
Nestas circunstancias, o médico disse que sim, que nada teria a pagar e iniciou a 2ª fase com a apresentação de um tabuleiro, com tubos de aguarelas e perguntando uma a uma as suas cores. Não é difícil reconhecer o vermelho, o azul, o amarelo, o verde, aquelas cores bases que todos nós conhecemos do dia a dia. Mas saber os nomes de cores, que nunca viu, que não são roxas nem azuis, cores que se esbatem noutras, acabou já farto daquilo, por dizer ao Médico, que nunca pensou que para fazer um exame de condução, tivesse que tirar primeiramente um curso de tintureiro.
Depois colocou sobre uma secretária, um quadro com riscos feitos de lápis finíssimo de várias cores, entrelaçados entre si, mete-lhe na mão um ponteiro e ordena que seguisse determinado traço até ao fim. Para ver se o meu pai o fazia correcto, o médico colocou os óculos e o meu pai pediu ao médico que lhe emprestasse os ditos, já que os traços eram tão finos e confusos que seria impossível fazer aquela operação, sem ajuda de lupa.
Que não, que o examinado era ele e teria que fazer aquele exame sem qualquer ajuda. Nessa circunstância houve desistência imediata, mandou o Sr. Dr. ir apanhar os ovos à capoeira, porque as galinhas há muito que já cacarejavam, partindo de regresso a casa com o famigerado papel emitido no Gama Pinto, obrigando o Delegado a passar-lhe o atestado para o exame de condução.
Nos dias aprazados, todos os condutores têm nervoso miudinho e o António, não fugiu à regra, até porque a condução é feita sem acompanhante e nem nessa ocasião sabe as ruas por onde vai circular. O examinador explica-lhe que terá de seguir em frente, virar à direita, esquerda ou parar, mediante toque da buzina do automóvel que o antecede e onde vai observando as azelhices do candidato.
Enfia o capacete, aperta a fivela e deixa de ouvir bem, pois os capacetes da época não eram tão sofisticados como os de agora. Arranca, e ouve apito daqui, apito dali e com atenção redobrada ao que fazia e ouvia, desde que ouvisse um apito, seguia as instruções que lhe deram, só parando quando um sinaleiro o manda parar. Olha para trás e não vê o carro com o examinador. Tinham-se perdido um ao outro. Faz volta para trás e foi para o local do início do exame esperar pelo examinador que entretanto o procurava pela cidade.
Ficou aprovado… Não foi com distinção… mas foi o suficiente para percorrer milhares de quilómetros com aquela máquina de duas rodas, que fazia as delicias de qualquer jovem e onde o Zé só se assentou e lhe pôs a luva quando a fui buscar no dia da compra.Quanto ao Delegado de Saúde, não voltou a pedinchar um garrafãozito de água-pé, era capaz de levar por lapso (!) alguma pinga rotulada de grande qualidade, mas já em fase muito adiantada para fazer vinagre…
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13.7.09

A carta de condução


Já passaram 50 anos. O pai do Zé (de seu nome António) resolveu tirar a carta de condução para conduzir moto, até 200 cm3.
Para a sua idade e pessoa ligada ao campo mexia-se muito bem, pois diariamente percorria uns largos quilómetros de “pasteleira” nas andanças pelas suas quintas.
Homem de outra época, quis aderir à modernice do transporte motorizado e adquiriu uma scooter da marca “Lambreta”.
Era a moda, o progresso em desenvolvimento constante.
Foi o Zé que a foi levantar a um stand ali para os lados do Conde Redondo. Reluzia, era linda.
Ao António faltava o documento que o autorizava a conduzi-la. Em curso acelerado, tratou de ler e reler o código de estradas e a aprendizagem prática foi feita dentro de uma das suas quintas, sem prejuízos de maior, já que os pessegueiros e as cerejeiras não se queixavam pela quebra de algumas pernadas, quando precipitadamente se enfiava por elas dentro.
Para se candidatar ao exame teve que ir ao Delegado de Saúde do concelho, tendo este que atestar a sua robustez, saúde mental e aptidão para o efeito.
O médico, seu conhecido de longa data e em especial pelo S. Martinho, quando visitava as nossas adegas para levantar à “borliú” uns garrafões de água pé, feita com uvas moscatel, coisa em que meu pai tinha tanto orgulho, pois não era vulgar os vinhateiros usarem uva tão nobre.
O meu progenitor era pessoa saudável e tinha boa vista, pelo que nunca compreendemos por que carga de água o Delegado resolveu mandá-lo fazer um exame aos olhos, numa policlínica onde trabalhava um especialista seu amigo.
Com uma “cachola” enorme, onde nem com certeza caberia um saco de batatas, lá foi, dando ais à vida, como se tratasse de ir ao cadafalso.
Depois de ler a carta que lhe era endereçada, o especialista fez um exame de tal forma rigoroso, que aí o paciente (?) desconfiou. Alegando que necessitava de fazer um exame, que ali não dispunha de condições, mandou-o ao seu consultório particular, sito nos Restauradores.
O “velhote” teve medo de alguma tramóia e nos entretantos de uma e outra consulta arranca à papo-seco, direitinho para a rua do Passadiço onde marcou e teve consulta imediata no Instituto Gama Pinto. Explicou que a necessidade da consulta se ligava a exame de carta de condução.
O exame foi feito, demorou o seu tempo e duas horas depois encontrava-se na rua com o papel devidamente autenticado, atestando que não sofria de qualquer anomalia na vista.
Mesmo assim, com receio de que o médico da policlínica, amigo do delegado, informasse este de que a consulta tinha sido abandonada, foi aos Restauradores sujeitar-se à continuidade da dita..


Segue na próxima semana – tempo suficiente para se preparar para o exame.
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