6.2.11

O Falecido/Morto/Defunto


Apreso-me a contar mais esta história da vida real que me aconteceu vai para um mês .
Já por aqui disse que tenho um grupo de 12/15 amigos do coração, daqueles dos tempos dos 17 anos e que vida fora jamais nos separou, jamais nos esquecemos uns dos outros e a que baptizamos com o nome de “Os Lacinhos”. Com a idade que tenho e posicionar-me naquela época, encontro azinhagas que hoje são estradas, ruas de areia solta onde passavam burros e carroças e hoje ruas alcatroadas com movimento automóvel, não havia televisão e até os simples rádios existiam somente nas tabernas a que se ia dando o nome pomposo de café.
Essas amizades estão de tal forma enraizadas que pelo menos duas vezes ano nos encontramos para umas almoçaradas e fazer lembrança das partidas e dos momentos extraordinários que passamos.
Mas há coisas que a grande amizade não pode parar e o tempo nunca volta para trás. Estamos cada vez mais velhos e alguns já partiram para todo o sempre. O Grupo vai ficando cada vez mais reduzido e compreendo bem a preocupação quando oiço entre nós, alguém dizer; quem vai ser o próximo.
Estava no meu refúgio algarvio a fazer uma feriazitas bem tranquilas (dado que felizmente também tenho visitantes, nossos irmãos, no outro lado do Atlântico, sou obrigado a esclarecer que o Algarve é uma província do sul de Portugal, distanciada da capital portuguesa 300 km, e que “Fuzeta” é uma povoação Algarvia ) , quando numa sexta-feira, por telefone, um desses amigos que reside na «Fuzeta» (vejam lá para onde foi o “Marafado”), me dá a notícia de que tinha falecido o Gabriel. Senti aquele falecimento como que atingido por uma pedrada na cabeça. Comentamos o facto, fiquei ao corrente de que todos os amigos já tinham sido avisados e combinei regressar a Lisboa no dia imediato, já que, segundo ele o funeral realizava-se pelas 16 horas daquele dia. Quis vir comigo, compramos um lindíssimo ramo de flores com fita gravada, que seria pago por todos os do Grupo e saltamos ao caminho a «mata cavalos» até Seixal, que fica frente à Capital portuguesa na margem esquerda do Tejo e onde residia o falecido. Durante o percurso quase não falamos dado a tristeza que nos invadia.
Chegamos e chorávamos que nem umas "Madalenas", ficando atrapalhados a pensar que o funeral já se tinha realizado, pois não vimos ninguém para o efeito. Olhamos para a janela do primeiro andar onde tinha vivido o Gabriel e vimos o "defunto/morto/falecido" debruçado muito espantado a olhar para nós, com caro de caso, já que nos via a chorar e com cara de gatos- pingados. Até as flores começaram a murchar com o sal das lágrimas que deitávamos. O "falecido/morto/defunto", veio com o seu próprio pé perguntar o que é que se passava e ficamos os três a olhar uns para outros, tendo o Manuel Mário, o chorão que veio comigo, olhado para mim, dizendo assim. É pá, nós tivemos algum acidente de automóvel quando vínhamos agora do Algarve? É que, se calhar nós também estamos mortos, isto aqui é o céu e estamos a fazer figura de parvos mesmo antes de ser recebidos pelo S. Pedro. O Gabriel pergunta? Mas afinal que é que já não calça mais, botas novas? Eu nem queria acreditar. Pois não é que ali bem perto, mas noutra rua, morreu um fulano de nome Gabriel e quando telefonaram ao M. Mário ele fez confusão e pensou que era o nosso amigo. Eu, por minha vez, também fiz um telefonema a um outro do grupo que me informou pesaroso que não podia estar presente porque ia a um outro funeral. O filho de um seu amigo ia casar…

38 comentários:

Magia da Inês disse...

Oi, amigo!
Até hoje vocês ainda aprontam... mas é melhor seu amigo bem vivo, né?
Valeu a viagem... vocês mataram a saudade do amigo e do lugar.
Boa semana!
Beijinhos.
Brasil♥♥ °º
♥♥ °º
° ·.

Je Vois La Vie en Vert disse...

Dessa o teu amigo Gabriel já se safou por enquanto !
Acontece-te cada uma...para o nosso divertimento !
Beijinhos
Verdinha

Nilce disse...

Oi Zé

Vocês foram zoados mesmo, hein?
Amigos são pessoas que merecem todo o nosso sentimento, agora chegar chorando à casa, rsrs, você é demais.
Pelo menos o amigo estava bem vivo.

Sabe Zé, meu pai sempre dizia que a pior coisa que se houve dos amigos em um velório é a frase: "qual de nós será o próximo".
Ele sempre se imaginava morto. rsrs

Bjs no coração!

Nilce

Zé do Cão disse...

Magia
Infelizmente o amigo faleceu mesmo, 15 dias depois e eu só tive conhecimento depois do funeral já realizado.
O destino marcou a sua hora.

Beijos

Zé do Cão disse...

Verdinha
Coitado do Gabriel. 15 dias depois finou-se mesmo de outra maneira finou-se definitivamente.
Ela não perdoa.


Qualquer dia lá vai o Zé a toque da campainha. Que se lixe...
beijos

Zé do Cão disse...

Nilce
A vida tem estas contrariedades.
A vida sem humor não é vida. Era um dito do Gabriel. Prometeu-nos que quando estivesse no céu se preparava para fazer uma festa colossal para rcepcionar a nossa chegada. Já me estou a ver cheio de flores e a correr cheio de alegria atrás da banda do Xico Buarque, enquanto ela toca "Pra ver a banda a passar"

Beijos

Mariazita disse...

Meu querido amigo Zé
Parece que o assunto "morte" está na moda :) É o segundo blog que visito hoje em que se fala nela.

Embora tenhas emprestado um tom jocoso ao teu relato posso imaginar que, na altura, deve ter sido um pouco desagradável ir levar flores a um morto vivo...

Sabes como custa perguntar a alguém por uma terceira pessoa que não vemos há tempos, e responderem-nos: morreu! A gente fica de cara à banda...

Mas enfim, tudo não passou de um mal entendido, apesar de, conforme li aí acima, o pobre Gabriel ter falecido 15 dias depois do sucedido. Parece que estava a adivinhar, coitado.

Uma boa semana para ti. Beijinhos

Kim disse...

Foi uma premonição.
Vê lá se, tão cedo, ninguém te comunica a partida dalgum dos nossos amigos.
Não deixa de ser uma estória macabra se atendermos ao que aconteceu nos dias seguintes.
Os grupos também têm o problema da separação. Por um motivo ou por outro.
Um grande abraço para ti amigo Zé.

Zé do Cão disse...

Mariazita
Eu sinto muito quando um amigo deixa de respirar definitivamente. No entanto, acabo por aceitar muitíssimo bem. Com boa ou má disposição acabamos todos por marchar, mesmo sem termos sido bons militares.
Ainda ninguém comentou o facto de um dos amigos, não poder ir ao funeral porque já tinha marcado outro encontro num outro. "O filho de um seu amigo ia casar"
ahahah...

beijos

Zé do Cão disse...

Kim

Que havemos de fazer. Há que aproveitar enquanto cá estamos, porque do outro lado das trevas são trevas mesmo.
Abraço

São disse...

Ainda bem que fora falso rebate, rrs

Agora esa do casamento ser comparado a um funeral, ora ...ora

Beijinhos, querido amigo meu.

Cida disse...

É, amigo, realmente, para morrer, basta estar vivo!...:)

Com que então o "verdadeiro" Gabriel se foi 15 dias depois...
Isso sim é que é uma morte anunciada!

Mas você está muito engraçadinho por comparar casamento a funeral.
Se bem, que conheço alguns que são piores do que funeral!...rsrsrs

Agora, no sério mesmo, te desejo tudo de bom, e, principalmente, MUITA saúde, para que continue a nos brindar com esses seus contos deliciosos por MUITOS e MUITOS anos.

Okey? :)

Beijinhosssssssss

Cid@

Zé do Cão disse...

São
Minha querida, não te conhecia com esta imagem. Agora se fosse a "nina" dos lacinhos. Que coisa linda.
Pois é amiga, eu apenas segui as conversas populares.

o meu abraço

Zé do Cão disse...

Cida

ahahah... até mesmo na morte, fazemos graça. Valha-nos isto, já que a vida está pela hora da morte e por cá estamos morrendo pouco a pouco.

beijinhos

laura disse...

Ó Zézito nem acredito! choraram tanto para nada, murcharam as flores com água a mais, e o querido Gabriel na janela debruçado a ver o velório dele ehhhhhhh, ri com tanto gosto que o manel veio espreitar o que seria e porque ria tanto...


Se tiveres tempo entra no blogue do Fernando, tem lá algo sobre mim dos meus 18 anos, a pascoalita já conhece mas tu não..bota comentário... eis o nick

http://abeica.blogspot.com/

beijinho da nina laura

Teté disse...

Bom, antes julgarem que morrera e ele estar vivo, do que o contrário. E ainda deram a "alegria" ao vosso amigo de saber como seriam as vossas caras chorosas, no dia do seu funeral... ;)

A história em si não deixa de ser um bocado macabra, porque ninguém vos livrou do desgosto. E há pior do que esse de ver morrer familiares próximos ou amigos do peito? Enfim, importa que terminou bem!

Quanto ao casório do outro, não há motivo para preocupações - quem corre por gosto... :)))

Jinhos, Zé do canito!

Zé do Cão disse...

Laurinha
Será que no céu também acontecem coisas destas?
Eu julgo, que vou ter uma asas grandes assim como as das gaivotas mas ágeis como as das andorinhas.
Vou começar a aprender a tocar arpa que para com tempo marcar os meus concertos. Achas que devo tocar de borla ou faço um preço assim para modesto.

Beijokitas

Zé do Cão disse...

Teté
A mim tudo me acontece. Afinal o Gabriel morreu mesmo 15 dias depois.
Quanto ao funeral do outro, pelo menos foi mais alegre no momento extrema-unção.
Acho que não foi ainda enterrado.ahahah...
Que sejam felizes e tenham muitos meninos

beijokitas

Je Vois La Vie en Vert disse...

Caro amigo Zé ,

Por favor, não abra a porta quando tocarem à tua campainha !!!
Espero ainda me divertir com as tuas histórias durante muitos anos ainda !
Os verdes estão um pouco murchas mas ainda não morreram...


Beijinhos
Verdinha

zé do cão disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Zé do Cão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zé do Cão disse...

Verdinha

Vou fazendo por isso, mas não sei se aguentarei.
Como o Sótraques e o Teixeira dos Santos, nos puseram a pão e água, não sei se consigo sobreviver.

beijokitas

Capitão Merda disse...

E morreu só uma vez?!
Então era honesto...


Abraço, Zezão!

Magia da Inês disse...

Olá, amigo!
Passei para reler algumas histórias.
Bom fim de semana.
Beijinhos.♥ ♥ ° º
Brasil ♥♥ ° º
° ♥ °º ♥ °º
° ·.·.

Pascoalita disse...

ahahahahah ahahahahahah ahahahahah

Zezito, repara nas horas a que te visito! Tenho tido o PC meio avariado e hoje foi dia de fazer a ronda. Não sei como deixei escapar esta história, dado que reparo que já foi contada há uns dias.

Tu és demais! Até os mortos consegues fazer rir eheheheh

Bem sei qual é a sensação, já que aconteceu uma cena parecida comigo, embora não metesse flores, nem tão pouco lágrimas.

Há uns anos atrás, um brincalhão lembrou-se de ligar para o piquete da minha chafarica, dizendo que o nosso colega Ginjeira tinha "adormecido". A funcionária das relações públicas apressou-se a colocar a sua foto junto ao elevador do R/C e toda a gente lamentava o facto.
Um seu amigo mais próximo e visita de casa, ligou a fim de dar os pêsames à mulher e ficou chocado quando ela atendeu, muito bem disposta ahahah

Algum tempo depois encontrei-o na praia da Foz do Lizandro e brinquei com a situaçãO

- Não me quer explicar o que encontrou por lá? E por que voltou? Não gostou lá de cima? eheheheh

Amanhã volto com mais tempo ... agora aproxima-se o maroto do João Pestana

Jinho grande

Zé do Cão disse...

Capitao

Folgo por a Naviarra estar outra vez feita ao mar.
Não necessitas "grumete" para a tripulação?

Um abraço

Zé do Cão disse...

Magia

Como estamos em época carnavalesca, vamos ver o que se arranja, na caixa das recordações.

Beijos

Zé do Cão disse...

Pascolita

Velha amiga e da velha guarda. Caramba, já não estás farta de estar reformada?

Qualquer dia ouve-se a finados e ninguém sabe.
Julgo que ainda não fui, mas espero ir na quarta - feira.
Para não esquecer aqui vai BIQUINHOS

Mariazita disse...

Tens razão, Zé amigo, há quem ache o casamento uma outra forma de funeral rsrsrsrsssssss

Mas a conversa hoje é outra. Ora vê lá o recadinho que te trago:

A «Casa da Mariquinhas» festeja hoje o seu 3º.aniversário e oferece um selinho aos seus visitantes.
Dás-me o prazer de ir buscá-lo?

Boa semana. Beijinhos

Zé do Cão disse...

Parabéns querida amiga.
As guerreiras são assim, um xi-coração e que estejas muitos por cá.
Não só no virtual, mas também neste planeta.


Beijos e que o marido esteja de ferro.

Mariazita disse...

Querido amigo Zé
Não percebi o que é que não estava correndo bem... Seria dificuldade em entrares na minha «CASA»?
Fosse o que fosse entraste e deixaste os parabéns, que muito agradeço.
Os rapazes também agradecem. Tu conheceste-los, se calhar não te lembras...
De qualquer modo, muito obrigada!

Bom fim de semana. Beijinhos

Magia da Inês disse...

Oi, Zé...
Aguardamos nova história!
Bom fim de semana!
.♫♫°°º
°º♫ Beijos ღ°º
♥°º
.•♥¸.•´•Brasil°º

Milu disse...

Pode-se dizer que viveste uma situação muito invulgar, pois do trágico passou à surpresa, que até foi confortante, já que o teu amigo afinal estava vivo, pena que por pouco tempo. Contudo essa situação gerou uma oportunidade para a confraternização e também serviu para demonstrar o apreço que têm uns pelos outros.

Zé do Cão disse...

E também foi a maneira de nunca mais me esquecer desta faceta.

beijokitas

Céu Arder disse...

Olá, Zé!

Vim atraída pela imagem do "cão",
ali no perfil...

Deu-me curiosidade e entrei para ler.

Tua crônica real sobre o amigo "não morto", mas que morreu depois, fez-me rir muito.
Feliz do gabriel!
Não é qualquer pessoa que tem a sorte de saber-se tão amado pelos amigos.
Deve ter morrido realizado com esta demonstração de carinho dos melhores amigos.
Enfim, um texto é fúnebre com muita ternura...

Abraços!

Zé do Cão disse...

Céu Arder
Tenho emoção quando vejo por cá novo/a visitante. Antecipo o meu obrigado.
É uma coisa que acontece aos mortais, esta de "morrer". Sinceramente pela minha parte gostava
de estar cá mais uma porrada de anos, mas era capaz de não me dar bem com os ares que correm por cá.
Afinal vim só fazer uma férias a este planeta e vai estando na hora do regresso. A minha família está ansiosa por me reencontrar; eu é que tenho sido um ingrato e não lhes tenho ligado nada.
Amanhã tenho um texto novo sobre o carnaval Lisboeta nos anos 50.

Convido-a...
o meu abraço

Céu Arder disse...

Caro Zé

Eu nem imaginava que os comentários podiam ter resposta!

Ando ocupada com as coisas do meu trabalho, muito!
E só hoje vi teu comentário num blog que abri há alguns anos e não postei nada mais. Até havia me esquecido dele, coitado!

Eis que entro lá, por mero acaso, e dou com comentários, teus e do Kim...
Vejo o teu convite para o texto do Carnaval e lá vou eu lê-lo, hoje...

Abração!

Zé do Cão disse...

Céu Arder


Abraço