
Durante anos e anos, tive um fascínio pela Serra e das suas Estrelas. Na Covilhã tenho um amigo que já não vejo há anos.
Nasceu na Serra, vive na Covilhã e tem uma casa de férias em Manteigas em plena Serra e outra de madeira junto da Torre. ( julgo que essa já foi desmantelada)
Já muitas vezes falamos sorte o tema, e diz-me, que é assim que se sente bem e está muito feliz. Nasceu na Serra e é na Serra que passa as suas férias.
Certa vez, convidei amigos e em cinco automóveis completamente cheios, fomos a uma sexta-feira à Serra da Estrela, para fazer um fim de semana doido. Comportamento igual aos das crianças. Rolar na neve, fazer scú (como sabem é deslizar sentado num plástico).
Seria tudo muito bonito, mas faltou-nos alguma coisa. Quisemos marcar alojamento, mas encontrava-se tudo esgotado. Não tem mal, alguma coisa se há-de arranjar.
Chegamos já noite dentro e bati à porta desse amigo, que não estranhou ver-me, já que o Zé fazia-lhe esta partida muitas vezes. Daquela vez ficou naturalmente atrapalhado, perguntando-me se tinhamos ido de autocarro, tal era a quantidade de gente que me acompanhava. Comida não o atrapalhou, dado o churrasco do seu quintal ainda ter alguma brasas, atirou-lhe com febras de porco e todos gritaram que já não podiam comer mais. (Ficou com a despensa vazia). Dormida era mais complicado, saiu, pedindo que esperássemos um pouco, e dentro de meia hora, apareceu qual S. Pedro e com um montão de chaves.
Pega no seu carro e ordena-nos para o seguir. Serra acima, noite escura ,nevoeiro serrado, frio de rachar, íamos comentando, qual o sitio para onde nos levaria.
Chegou finalmente, saímos junto a um grande edifício e diz assim. Meus amigos, aqui há camas para todos, estejam à vontade, logo pela manhã venho ter convosco, o Hotel não tem estrelas, mas talvez tenha luz eléctrica e água corrente, este Sanatório já foi desactivado há uns tempos.
E foi assim, que o Zé e os seus amigos passaram uma noite a baterem dentes, que mais parecia o acompanhamento de uma dança de flamengo com o som das suas castanholas, e pela manhã não podemos lavar a cara, dado a água estar congelada dentro dos canos ou provavelmente estar desligada.
Telefonei para a mãe Júlia, informando-a que tínhamos ficado num Sanatório.
Coitada, ficou preocupadíssima e perguntou se estávamos muito feridos.