17.5.12

A Tarte de Maçã

Depois de ter contado aqui o que me aconteceu com as «Margaridas», e do imbróglio em que meti com essas duas «maganas», não vejo motivo para não contar uma outra aventura que foi boa enquanto durou e cujo epílogo cómico/dramático, deixou o Zé com zumbidos durante algum tempo. Pelo menos o tempo suficiente até arranjar outra que fizesse esquecer aquela. Lá diz o velho ditado, que, doenças do coração tratam-se arranjando outro cão.  
O Zé atirou-se de cabeça para os braços de uma jogadora de basket, de um clube da margem norte do rio Sado. Não sei se conhecem a cidade do Sado. É simpática, exercendo forte atracção sobre o rio, cujas margens estão cheias de encantos, florescendo arborização fascinante pela influência da proximidade da Serra da Arrábida. As suas praias, Figueirinha, junto ao Sanatório do Outão, Coelho no sopé da Serra e Troia do outro lado na Foz do Sado, o seu cais pesqueiro, o ser Mercado/abastecedor da cidade,e as tascas que o circundam são motivos que nos fazem ter lembrança de voltar para apreciar em pormenor tão bonita Cidade. Acaso já estiveram na esplanada do Forte de S. Filipe? O nosso espírito fica mais leve e quando partimos levamos gravados na retina aquelas extraordinárias imagens. Portanto durante todo o tempo que durou aquele devaneio, foram estes os sítios onde sonhamos acordados. Primeiramente as coisas começaram em segredo e a partir de certa altura, o Zé foi apresentado à mãe da Rosa. (nome alterado) Passei a acompanhar a equipa de Basket, quando esta visitava  o adversário no seu terreno, e, expondo-me, passei a ser o alvo de observação atenta, presumivelmente de algum concorrente amoroso.
A minha fama, não chegava aos calcanhares do Brandy "Constantino", porque esse, como sabem, já vinha de longe. Mas para uma mãe, atenta e conhecedora da vida, cheirava-lhe a esturro a paixão "assanhada" da sua menina. Tratou de se por em campo, soube que eram intermináveis as aventuras amorosas do rapaz e passou a magicar na maneira com havia de destruir a afastar de vez, tão incómodo "moscardo".
Até que chegou a véspera da Páscoa. Apresentei-me nos "trinques", estava bom tempo, dissemos à mamã que íamos dar uma volta junto ao cais, peguei no carro e fomos ver o Convento situado em plena Serra da Arrábida, local idílico, entre vegetação única no Mundo e longe de olhares indiscretos.
Quase ao por do sol, voltamos, tendo a Rosa faltado ao almoço e a horas de poder ajudar a mãe nas últimas compras afim de no outro dia comemorar a data festiva, como se impõe aos bons cristãos.
Já a contar com isso, o Zé tinha comprado uma tarte de maçã de kg sendo sua intenção estar presente, na
festividade da ressurreição de Cristo. Faltou-nos os argumentos para justificar a chegada tardia, e estando a progenitora já farta da minha presença, pega na tarte e dá-me com ela na cara, besuntando a cara da filha com a parte que lhe ficou na mão, acrescentando ao acto, "Gira, gira daqui, que você não é flor que se cheire".
A Rosa desata a chorar sem saber o que fazer, eu incrédulo, todo sujo, recebo como uma ordem de um sargento mal-encarado: Você para não ir para a rua fazer má figura, vá à casa de banho, lave essa fuça, vá embora e desampare a loja da minha filha.
Mesmo com o desaire da batalha perdida, ainda ofereci um camelo de cabedal que tinha trazido de uma viagem a Marrocos na esperança de ganhar a Guerra, mas ela fez a devolução do animal, talvez pensando que necessitava dele para fazer a travessia do deserto de Sáara.
Não havia nada a fazer, o assunto tinha morrido, o Zé já andava a pedi-las à muito, restando-lhe a consolação de ao menos, forçado é certo, ter provado o bolo, de maneira tão insólita, comprado com tanto carinho e amor no "Castanheira" da rua Eugénio dos Santos em Lisboa. (Hoje, Portas de Santo Antão, ou rua do Coliseu). Constatei que "ninas" com nomes de flores, só me davam complicações e esta até tinha espinhos. Serviu-me de emenda? Só com o tempo se saberá.

26 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Ahahahah! só você para me fazer rir a uma hora destas. A menina jogava basket e a mãe tinha jeito para "encestar" tortas?
Um abraço

Zé do Cão disse...

Elvira

Não tinha pensado nessa, quando não tinha feito uma referencia especial à arte de "encestar" bem e certeira.
E olhe, amiga,que eu saiba, ela nem nunca foi jogadora de basket quanto mais treinadora.
Mas dou-lhe os meus parabéns, conseguiu ganhar aquele campeonato.
O meu abraço

Pascoalita disse...

ahahahahah uma cena digna de um filme! Ai como eu gostava de ser mosca e ter assistido eheheh

Vê só do que uma mãe é capaz para defender a sua cria do "ferrão" de um "moscardo" eheheh

BlueShell disse...

Xi...mal empregadinho bolo...caneco...comoa-se todinho...e avi ela desperdiçá-lo!!! O mundo é injusto!!!
...e já sabes: meninas com nomes de flores...vira costas! Escolhe uma Felismina, Felícia, Hermengarda, Edulinda, Deolinda...Isaura...Isodora, ...

Grata pelas tuas palavras no meu "blue"!
Gostei, obrigada. Voltarei também aqui.
BJ
BShell

Zé do Cão disse...

Pascoalita
O "moscardo" soube guardar este segredo tantos anos. Faltava-me a coragem para relatar este insucesso.
Afinal, visto por outra óptica se tivesse vindo para a rua com a cara naquele estado sujeitava-me a ganhar algum prémio em concurso de beleza.
As voltas que a vida dá. Fui para a campo e acabei por morrer não na praia, mas numa viela da terra capital da Sardinha.
Biquinhos

Zé do Cão disse...

Blue
Queria ser agradável e foi o que deu.
No basket apoiava a equipa e não era reconhecido, nos amores procurava dar felicidade e por uma coisinha de nada, levei com o prato no "trombil"
Valeu-me ser prato de papel. Mas que andei ali uns dias a pensar no caso, isso andei. E cheguei eu a almoçar com ela lá para os lados da Sapec, fazendo pic-nic, levando lagosta com maionesa e tudo. Enfim como tudo a vida continua.

é sempre agradável receber um comentário ou conselho de que se estima.
E eu, tenho e sempre tive estima por quem me visita.


bj.

São disse...

rrrss rrsss

Ai, meu pobre amigo ...todo tartelado.

Não te perdoo se não pegas numa pen e envias toas estas estórias para uma editora!!

Um abraço com muito carinho

Pascoalita disse...

Concurso de beleza não digo, mas eras capaqz de ganhar umas "lambedelas" eheheh

Bem, nos dias de hoje não rte aconselhava ... com a larica causada pela crise ainda te comiam todinho ... só deixavam os osos ahahah


Adoro as tuas histórias e esta está muito bem escrita :))*

Continua que acredito que o reportório ainda nem vá a meio eheheh

Zé do Cão disse...

São

Já pensas-te bem na figura que fiz, coitado de mim. Aprendi a ser mais comedido e a estar sempre com um pé atrás.
E nos tempos mais próximos, sempre que me deslocava a Setúbal tinha o cuidado de nunca ir para para os lados das vielas, junto ao Hotel Esperança. Não é que tivesse alguma Esperança, mas era para não encarar nem a mãe nem a filha.
Beijo

Zé do Cão disse...

Pascoalita
Sempre fui um homem de sorte. Vê-se não é? Comecei logo em pequeno a levar para trás.
Recordas de "A troca" ? ainda há tão pouco tempo tinha acabado com a priminha e a seguir veio logo a Rosa.
Afinal a saga, haveria de ter um fim.
Eu bem lutava, mas haveria sempre uma contrariedade.

Biquinhos

Kim disse...

Oh Zezito, precisas de ajuda para passar lá ao pé do Hotel Esperança?
Tu eras um grande moscardo. Ainda hoje deve haver para aí muitas donzelas(?) cheias de comichão com as tuas picadelas.
Grande abraço amigo

Magia da Inês disse...

Oi, Zé!
Depois da tortada na cara ainda ofereceste um camelo?
Tu és cara de pau mesmo!!!!
Como tu disse, para doenças do coração somente outro cão.
Kkkkkkkkkkkkkkkk!!!!

°♪¸.♫♫♪

AFRICA EM POESIA disse...

só vim deixar um beijo e bom fim de semana.

Zé do Cão disse...

Kim
Já lá vão tempos. já não preciso de guarda costas, pelo menos por esta.
Acho que levei a minha conta e andei ali uns tempos nas calminhas.

Abraço

Zé do Cão disse...

Magia

Era para ver se ela (e dado o Camelo ter vindo de Marrocos), se queria queria ir até ao deserto comigo.
Afinal, mandou o bicho sem as duas pernas da frente, percebi que não estava interessada.
Mas digo-te com verdade, custou um bocado levar com o prato na cara.
Parecia aqueles filmes do Bucha e Estica.
Enfim, ficou a fazer parte das historias do Zé do Cão.

Beijos

Zé do Cão disse...

Africa em Poesia

Apareça sempre que queira.
Aminha porta estará sempre aberta a quem vier por bem.
E que o Fim de semana contente os Dois, não é?
Beijo

Verdinha disse...

Foi bom teres partilhado connosco esta história menos honrosa para ti ! Puseste toda a gente a rir !
Mas não revelaste uma coisa : estava boa a tarte de maça ??????????
;) ;) ;)
Beijinhos amigos
Verdinha

Zé do Cão disse...

Verdinha

A "Castanheira" foi uma perda para a nossa Capital da boa pastelaria.
Foi um doce, amargo, isso foi.
Até porque havia boas perspectivas para o dia a festejar.
É festa, é festa. (gorou-se....)
ahahah

beijo, amiga

Zé do Cão disse...

Verdinha

Queria dizer "O Castanheira"

feita a rectificação.

bj.

Parisiense disse...

Ou não fosses tu ....o Zézito.
Adorei. Mãe é mãe e defende sempre a sua prol....seja lá como fôr.
Beijokitas

Zé do Cão disse...

Pois mãe é mãe. e Filho é filho.
Fui sempre tão terno, amoroso, beijoqueiro, etc.etc, que merecia (segundo a minha óptica) sentar-me à mesa e comermos o bolo em bom entendimento, acompanhado de moscatel, como mandam as regras do bom viver.
E isso não foi feito. Coitado de mim, que ainda hoje, passados tantos anos estou tão traumatizado que não passei mais aquela rua como a cantiga.
ahahah...
beijokitas

Zé do Cão disse...

Con ou sin flores, tu Gata és Coqueta.

Benvenida.

Bjs

Magia da Inês disse...

Bom fim de semana!
Beijinhos do Brasil
¸.•°`♥✿⊱╮
❤♡

Zé do Cão disse...

Magia
Estes Beijinhos do Brasil, são já para o próximo fim de semana.

bjs

La Gata Coqueta disse...



Lo más bonito es la aurora de la mañana
Y tu amistad el mejor regalo
Que podía encontrar.

Es un privilegio
Que llenan mis bolsillos de estrellas
Y los ojos se visten de acuarelas.

Un abrazo soñando
Y un beso versando

María del Carmen


Zé do Cão disse...

La Gata Coqueta

Buenos Dias

Aqui pelos campos à vuelta de Lisboa
o sol está maravilhoso.
Una confidencia. És Asturiana e eu tengo casa en Sanxenxo - Galicia.

O meu abrazo e bicos (besos) como en Galicia