
Então meus amigos, não querem lá ver que o Zé entre muitos empregos que teve na sua vida, também foi Accionista e Gerente de um super mercado no Concelho do Barreiro. Já lá vão uns anos, mas deu para ficar registado na minha memória esta engraçada peripécia.
O Super dispunha de um "furgon", da marca Citroen, igual aos da polícia francesa. Tinha duas portas de correr, uma para serviço do motorista e a outra ao meio, penso que do mesmo lado, para a recolha das mercadorias.
Para a época o Super era bem bom e de tamanho muito igual aos do inter-marché, dispondo também de talho.
O Zé tinha um primo a viver numa grande quinta,sita em Amora, onde criava gado, que me propôs o negócio de uma porca. Fiz a compra e só depois fui confrontado com o transporte do animal para o matadouro, que não se podia fazer, sem guias próprias, emitidas por determinada entidade oficial (não recordo qual). O pedido de deslocação do animal de um Concelho para outro podia ser rejeitado e então corria o risco de ficar a criar a porca sem qualquer interesse.
Havia portanto que dar asas à imaginação e resolvemos fazer aquele transporte para o Barreiro a um Domingo ao «lusco fusco» à revelia das autoridades na tal carrinha atrás mencionada.
Acontece, que um empregado de uma outra empresa também accionista do Super, veio pedir-me a carrinha emprestada para no dia anterior ao transporte da porca, ir com a namorada buscar uma mobília para o lar que iam constituir. Anuí, não lhe tendo dito nada pela utilização do Domingo, pedi-lhe no entanto que no Sábado pela noite a deixasse nas instalações da empresa onde trabalhava, dado na segunta-feira necessitar de uma pequena reparação nessa empresa, que também tinha oficina de mecânica.
Assim foi e correu tudo como combinado. No Domingo, fui buscar a carrinha e dirigi-me a Amora ter com o priminho e tentamos meter a porca na furgoneta. O animal era enorme e força não lhe faltava, tendo o seu dono atado uma corda a uma das patas de trás e a outra ponta enrolada no seu braço. Foi a carga dos trabalhos; o animal não queria entrar e nós dois não tinhamos força para pega-la ao colo e enfia-la lá dentro. Em dada altura o bicho desata a fugir pela quinta, o primo com a corda enrolada no braço não se aguenta caiu e então eu via-o puxado pela porca a bater contra as cêpas, chegando mesmo a pensar que saía dali todo amachucado. Lá se levantou e não sei com quantos trabalhos mais, conseguimos meter a «gaja» e fechar a porta imediatamente.
Salto para o volante da viatura, e fiquei preocupado, pois o suíno não estava quieto, andando de um lado para o outro e como as suas unhas são pequenas o barulho que fazia no chão de chapa de ferro era igual aos sapatos de salto alto das senhoras. Em dado altura caía, levantava-se e caía novamente. Como o «charoco» está permanentemente a defecar, quando caía ficada com o corpo todo sujo e ao encostar-se às paredes laterais da carrinha, dava-lhe um toque de pintura que ninguém deseja dentro de uma sua viatura, além do cheiro horrível que lá ficava.
Missão cumprida, entregamos o animal no matadouro e já noite, fui colocar a carrinha no mesmo sítio de onde a tinha recolhido.
Pelas 8,3o horas de segunda-feira, e já com o astro rei a bater na viatura, o mecânico preparou-se para a arranjar. Estranhou os vidros estarem cheios de moscas, que já a tinham atacado. Abriu a porta, entrou lá dentro, mas saiu imediatamente pois era impossível sem que primeiro fosse feita uma desinfestação. Quando o Zé apareceu mais tarde, recebi logo a notícia de que tinha emprestado a carrinha ao "Pedrocas" e que afinal a entregou naquele estado. Aproveitando imediatamente a ocasião chamei-o junto ao mecânico e perguntei-lhe assim, muito sério.
Afinal Pedro, o que é que se passou. O que é que você andou a fazer na carrinha mais a namorada que a deixaram neste estado. O Homem entra lá dentro, ao ver aquela insólita pintura, gaguejou não sabia o que dizer.
Recebeu a sentença. -
Pegue numa mangueira e lave tudo isto muito bem, antes que a coisa tome outras proporções. De muita má vontade lavou o carro, barafustou, azedou-se com o mecânico e no final acabei com a conversa desta forma. Vá a uma drogaria e compra um ou dois litros de água de colónia, vaze aí dentro, se quer levar a carrinha mais alguma vez com a namorada.
Só vários dias depois soube a trama.teia em que esteve metido.