Caso I
As suas pernas eram arqueadas como se toda a sua existência tivesse cavalgado um puro sangue selvagem.
O Tomaz era filho de um casal humilde, tinha mais dois irmãos, sendo ele o mais novo, tinha um feitio "espalha brasas", mas era amigos dos seus amigos. crescemos juntos, lutamos juntos, andamos na primária juntos. Sua mãe doméstica, seu pai empregado da telefónica, dava diariamente cordas ás botas, fazendo kilómetros e kilómetros a pé, subia aos postes e nas horas vagas entretinha-se a arranjar sapatos, para juntar mais uns "tustos" para o sustento familiar.
Um dia a família foi em peso visitar um amigo que vivia em Palhais-Barreiro, junto a um moinho de marés, os pequenos meteram-se numa lancha esta virou-se e o pai que não sabia nadar, com a aflição para ajudar os filhos acabou por deixar ali a vida.
Consternação em toda a redondeza, e a partir daí a heroína da sua esposa, viu-se a braços sozinha para ganhar a sustento para a casa.
O Tomaz dizia entre uma brincadeira e outra que haveria um dia de ter as pernas direitas.
Já crescidos, cada um procurou a sua vida e durante pelos menos 60 anos deixei de o ver. Recentemente soube que eu estava de regresso às origens e procurou-me sem o conseguir.
Até que, num funeral de um amigo comum esse encontro foi um facto. Demos um forte
abraço de saudades e reencontro. Ambos mais velhos, ambos com o mesmo feitio, ambos com humor à flor da pele e ele ainda não esquecido das "brasas do seu espalha".
E a primeira e pergunta que me faz, foi esta. Não notas nenhuma diferença em mim? Olhei e remirei-o de alto a baixo, e confessei que não. É que fui operado às pernas e já não sou "caneijo". Sorri, dei gargalhadas acompanhadas das suas e dei-lhe os parabéns. Estava feliz o amigo... Percebi, quanto foi importante aquela operação, para levantar o ego do meu amigo.
Caso II
E lembrei-me deste caso e do sofrimento que este homem terá por lhe ter acontecido esta desgraça.
Trabalhava na Siderurgia Nacional no Seixal,moço novo, sentia desgosto enorme por ser "canejo", achando mesmo que as moças não se chegavam a ele por essa razão. Foi aconselhado a ser operado, pois era do conhecimento geral que havia muitos bons resultados e êxitos nessa operação. Meteu-se a caminho, escolheu ortopedista e resolveu-se.
Que contraste entre o Tomaz e este de quem nem cheguei a saber o nome. O Tomaz estava felicíssimo e apregoava ao seu mundo essa felicidade, enquanto o outro chorava a sua desdita e o dinheiro gasto, já que, as suas pernas que eram canejas assim ( ), passaram a ficar assim )( depois da operação.
Negligencia médica?
43 comentários:
Muitas operações podem ter resultados diferentes ainda que feitas pelos mesmos médicos.
Por vezes basta acreditar e ter cá dentro aquela energia que nos cura de vez.
Até mesmo que não fosse operado, bastaria senti-se bem com as pernas tortas, Aceitar-se.
Eu compreendo os dois moços.
Ambos sofriam. O sofrimento do Tomaz foi tanto, que não obstante não me ver há 60 anos a primeira coisa que me perguntou foi se lhe não achava diferença. Quanto era para ele ter as pernas direitas. Eu também sou um pouco. Sobre o outro ficou tudo dito. Se estava triste, quanto pior não ficou...
Abraço
E como não há duas sem três, sei de algo que daria um bom "caso III" ... fizeste-me lembrar alguém que conheço que vive feliz e contente com a sua "perna torta" eheheh
Ao ler e ver a foto também me lembrei da paixão dos meus 15 anos ... a minha mãe bem me alertava para para esse "defeito" chamando-lhe o "rapaz das pernas arqueadas", mas aos meus olhos era tão bonito e perfeitinho eheheh
já me ri com vontade ahahahah
jinhos
Ora temos aqui dois casos que vão do oito ao oitenta.
Quando toca a mexer nas pernas, um homem fica feito num oito.
Não deve ser uma operação muito simpática.
Porra! Pernas para que te quero!
Abraço Zé
Podia ter dito que eram cavaleiros e os casos ficavam resolvidos...Conheço vários casos assim !
Beijinhos
Verdinha
Olá Amigo Zé!
Também eu conheci um canejo (era para aí uns dez anos mais velho do que eu), a garotada chamava-lhe pernas de alicate.
Teria ele já vinte e namorada nada.
Um dia teve a sorte de ganhar um prémio na lotaria, 100 contos a dividir por quatro. Com parte do dinheiro comprou uma motorizada, uma pachancho último modelo. Daí em diante não lhe faltaram pretendentes e acabou mesmo por casar com uma moçoila la da herdade onde viviamos na altura. Não sei foi pela pachancho, se foi pelo dinheiro que restou. Mas isso também não interessa saber.
Um grande abraço caro amigo, talvez um dia nos vejamos por aí, já que não há duas sem três. Como dizem.
Pascoalita
E não é que as minha também não são assim tão direitas!
O fulano da Siderurgia emigrou para a Suiça, segundo me disse a sua medica de família.
Se calhar já arranjou moça e até guia um tractor que faz a recolha do leite para fazer os famosos queijos "Emental".sabe-se lá
biquinhos
Kim.
No fundo dá-nos vontade de rir...
o moço deveria ter ficado um espectáculo.
coisas da vida.
abraço
Verdinha
E também dizem que são cavaleiros.
ahahah...
Bjs
O tempo que passa
o Tempo passa, passa, mas nós lá nos vamos aguentando, até que um dia as pernas vergam, ficam canejas e lá vamos na marcha a fanlambó.
Abraço
Muitas operações são um fracasso, infelizmente.
Mas foi bom que vos tivésseis reeencontrado, embora num momento de perda e que ele tivesse corrigido as pernas.
Meu Amigo, a tua constipação já abalou, como espero?
Um forte abraço.
Olá, amigo Zé!
Que bom que a cirurgia do Tomaz deu certo e ele ficou feliz.
Boa semana!
°º♫♫
Beijinhos.
♫♫.•*¨*•♫♫¸
°•Brasil♥°
°°•✿♫°.•
Ora, por vezes vivemos frustrados e sofremos com defeitos que valorizamos demasiado.
Ainda não tinha 10 anos, aproveitei o intervalo das aulas, acompanhada de outras crianças, para irmos aos correios, no meu caso esperava carta do meu pai que estava em Moçambique.
Um tipo de motorizada, para se desviar do grupo maior de crianças, atropelou-me ... bati com a cara no mudo e parti um dos dentes da frente!
Lembro-me que isso me incomodava imenso, fazendo-me sentir feia.
Aí pelos meus 25 anos, talvez um pouco mais tarde, um dentista amigo substitui-o por uma "coroa de jaqueta".
Foi um trabalho perfeito que ainda hoje se mantém, mas lembro-me das colegas de trabalho terem dito que pouco se notava a diferença ... e gastei eu, na altura, há mais de 30 anos, 15 contos!
Bom resto de Domingo
jinhos
Magia
vi o meu amigo naquele dia e já não
sei dele outras vez.
Talvez o encontre por aí.
beijos
Pascoalita
coroa de jaqueta?
Eu tinha ouvido falar era de coroas no porta moedas.
Em vez de jaqueta não ser "terno"?
Sempre era mais aperaltado.
Agora percebo porque quando petiscas trincas tão bem. ahahah...
Biquinhos
São
Eu também acho que sim. Foi um encontro fugaz é certo, mas soube-me bem.
Abraço, minha amiga
Respondendo: não vi nem coelhos nem cães. Nem éguas nem poldros: estavam no campo!
Um abraço enorme , meu querido Amigo.
Por favor, leve esse seu cãozinho para o meu blogs. Adoro animais!
E adoro quem adora animais!
Beijos para os dois,
Mª. Luísa
È nem sempre corre bem....
Um dos homens cá de casa também partiu um dente sendo ele pequenito a andar com uma roda de pipo e um aro....e fez como a Pascoalita, meteu um dente novo e oh quando abria a boca aquilo é que era um sorriso a brilhar....e claro que eu caí na esparela...
A Pascoalita.... já a conheci com os dentes todos....ahahahah
Beijokitas
E como diz o Kim....oh pernas para que te quero...eheh
Soa
Tenho saudades tuas.
Tudo está a desmoronar-se e a ser feto em "cavacos".
o meu abraço
Maria L. Adães
Já lá o tem e o terá muito tempo.
É simpático o "magano"
o meu abraço
Parisiense.
Certa vez aconteceu-me esta. Claro que tinha de vir uma história.
Fui com a minha "Dona", meu irmão e minha cunhada apreciar o Alqueva. Comemos por lá num restaurante onde criam avestruzes e também as servem.
Quanto comia avestruz, caiu no meu prato e da minha boca uma pepita de "ouro". Eureca disse eu, e todo o mundo olhou para mim. A minha "Dona" sem se impressionar, diz assim. Abre lá a boca. olha e diz assim. Realmente és um homem de sorte, caiu-te o dente de ouro, se não desses por isso gastavas uma data de massa a colocar outro.
Vês, vês, ao menino e ao borracho "Deus põe a mão por baixo."
Quanto à Pascoalita, não tem dificuldade em trincar, razão porque não lhe tinha dado pela falta.
Beijokitas
Parisienese
Era giro ver os dois gajos a correr, um com as pernas( ) assim e o outro
assim ) (.
E num concurso não saberiamos quem ganhava.
beijokitas
ahahah um assim )( outro ()
Sabes que desconhia o termo?
Sempre ouvi "pernas arqueadas"
Sempre ouvi assim.
Mandei-te via mail uma coisas bonitas.
"Canejo"
biquinhos
Nunca tinha ouvido a palavra, mas achei um piadão ao teu amigo, 60 anos volvidos, perguntar se não encontravas nenhuma diferença nele. Diferenças deviam existir muitas, essa das pernas nem te deve ter ocorrido. Ainda bem que ficou feliz com a operação... :)))
Quanto ao outro, pois, todas as operações têm o seu risco. E os médicos nunca admitem que erraram! Fazer o quê?
Jinhos, Zé!
Teté
Foi isso mesmo que eu pensei. Claro que achei tantas diferenças, menos no continuar a ser "espalha brasas".
Mas que a coisa era importante para ele, lá isso era.
Quanto ao outro, coitado, ficou desgostoso para toda a vida, julgo eu.
jinhos
Ó Kim estiveste bem, puseste-me prá aqui a rir sozinho....
Seve
Kim? Estive bem em quê?
Abraço
Bom fim de semana, Zezito :)*
jinhos
Pascoalita
Diverte-te pela terra dos "Carrilhões" e da Tapada.
Biquinhos
Meu caro amigo Zé
Estava convemcida que já tinha comentado este post.
Que já o tinha lido, tinha; agora porque não comentei só Deus o sabe (se é que sabe...)
Pois é, meu amigo, operações que metam ossos são meio complicadas, às vezes dão p'r'o torto...e fica-se torto.
Antes ser canejo toda a vida:)))
Uma semana feliz.Beijinhos
Ainda bem que já conhecias a história do Orestes. Achei a história tão incrível, tão extraordinária... que estava com medo que pensassem que era invenção minha...
Depois apareceram mais comentadores que já conheciam.
Ó Zé! Que papel foi esse? A rirem! num funeral!?
Kuka
Muitíssimo bem observado. Afinal vamos ao funeral de um amigo e é aí que vemos e encontramos amigos que já não vemos à séculos e não fugimos à tentação de rir e recordar coisas tão lindas e belas passadas em comum e até a maior parte das vezes com o defunto ao de o ser.
abraço
Cada vez que por aqui entro, fico sempre encantada com as suas histórias de vida. É mesmo um grande contador e ainda por cima tudo é verdade!
Beijinho grande para si,
Ó Zé do canito, canejo nem sabia o que era, mas quando vejo gente de perna arqueadas penso que é de montar a cavalo, ora pois, assim aprendi e que isso tem remédio...
E será que eles conseguem correr como diz o Kim; pernas para que te quero? devem tropeçar, vá lá!...
Um beijinho da laura
DAD
Minha amiga, Um beijo grande e outro para a mana.
Laurinha
Um beijo grande
Zé do Cão
Coitado do Canejo. É quase humor negro. Mas provavelmente o seu coração era grande, grande e não era canejo nem teve que passar por uma cirurgia malévola.
Abraço
Or, Ora, não soe perverso.
Mas gosto de humor, mesmo quando é negro.
Abraço
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