Vivi com a família 2 décadas numa cidade do Norte, a garagem da nossa casa necessitava de obras, pelo que resolvi meter mãos à obra, contratando um trolha e servente. Parede daqui, colocação de azulejos, pavimento vidrado e até um tanque de cimento, onde se lavava a roupa foi partido, porquanto não fazia falta.
A partir de certa altura era necessário deitar o entulho fora, que à falta de transporte adequado passou a ser problema.
Meus sogros passavam grandes temporadas em nossa companhia e ajudavam-me sempre que precisasse.
Matutei na maneira de me desfazer de tanto entulho e lembrei-me do seguinte:
A Cidade estava permanentemente em obras de construção com aterros e desaterros em toda a parte, pelo que o problema era de fácil resolução. Procuraria um sítio de aterro onde pudesse deitá-lo. Sabia que não é permitido fazê-lo, mas achei que se ficasse no sítio certo, não viria nenhum mal ao mundo e o construtor até agradecia.
Numa carrinha de 2 lugares, carreguei quanto pude e de noite não fui muito longe; bem perto da minha residência havia o local ideal para o efeito.
Todavia, havia algo com que eu não contava. É que em todos os locais onde fomos havia sempre um carro parado, presumivelmente com um parzinho de namorados. Quando já não sabia o que fazer, deparou-se-nos um local estupendo, à entrada de uma azinhaga que não tinha saída, ali mesmo ao lado duma obra. Fiz marcha-atrás e despejei o entulho logo ali à entrada voltei a casa mais 3 vezes e sucessivamente fui fazendo um monte, que passou a montão e finalmente a castelo. O entulho como já disse, era composto de restos de azulejos e mosaicos vidrados, restos de parede e culminava com os bocados do tanque da roupa agarrados ainda aos ferros que lhe davam forma.
Aí, a coisa pôs-se feia, dado que bem lá no fundo da azinhaga se encontrava um carro que, como todos os outros a que já me referi, estava ali no esfreganço. Para evitar discussão acesa, resolvi pirar-me deixando lá o desgraçado que em marcha-atrás só viu o entulho quando lhe encostou. Faço ideia das pragas que o moço rogou ao filho da mãe que o entalou, enquanto retirava o entulho até ter espaço disponível para sair dali com o carro. E imagino, agora já passados anos, como contará a história aos amigos.
Mas acontece que o Zé do Cão ainda não estava totalmente livre do resto do entulho.
Um mês antes, tinha ido com a família a Tenerife; levámos uma mala de viagem de veludo castanho, por sinal muito bonita, só que os bagageiros não se compadeceram da sua boniteza e trataram de colocá-la no porão do avião, por debaixo de mais 300 malas dos outros passageiros, ocasionando que quando a vi, coitada, estava marreca, tinha falta de ar e com a língua de fora. Enfim estava num estado lastimoso e a língua era uma gravata que já saía das suas entranhas. Logo ali, em pleno Aeroporto “Reina Sofia”, resolvemos comprar outra para sua substituição, coisa que não fizemos, pelo que a desgraçada teve de fazer a viagem de retorno sujeita a dar-lhe a trombose final.
Ela, coitada, ali estava na garagem à espera do abandono que lhe daríamos, dando ais à sua vida e sem saber onde iria parar.
Então resolvi enfiar-lhe todo o resto daquelas matérias que foram primas e, para a fechar, já me vi aflito. Quando a pus em pé, quis mete-la na carrinha, mas não fui capaz.
O seu peso ultrapassava largamente as minhas forças. Chamei o meu sogro que não sabia nada daquilo e pedi-lhe que a metesse na carrinha. Coitado, quase que foi ao chão e ela nem se mexeu.
A partir de certa altura era necessário deitar o entulho fora, que à falta de transporte adequado passou a ser problema.
Meus sogros passavam grandes temporadas em nossa companhia e ajudavam-me sempre que precisasse.
Matutei na maneira de me desfazer de tanto entulho e lembrei-me do seguinte:
A Cidade estava permanentemente em obras de construção com aterros e desaterros em toda a parte, pelo que o problema era de fácil resolução. Procuraria um sítio de aterro onde pudesse deitá-lo. Sabia que não é permitido fazê-lo, mas achei que se ficasse no sítio certo, não viria nenhum mal ao mundo e o construtor até agradecia.
Numa carrinha de 2 lugares, carreguei quanto pude e de noite não fui muito longe; bem perto da minha residência havia o local ideal para o efeito.
Todavia, havia algo com que eu não contava. É que em todos os locais onde fomos havia sempre um carro parado, presumivelmente com um parzinho de namorados. Quando já não sabia o que fazer, deparou-se-nos um local estupendo, à entrada de uma azinhaga que não tinha saída, ali mesmo ao lado duma obra. Fiz marcha-atrás e despejei o entulho logo ali à entrada voltei a casa mais 3 vezes e sucessivamente fui fazendo um monte, que passou a montão e finalmente a castelo. O entulho como já disse, era composto de restos de azulejos e mosaicos vidrados, restos de parede e culminava com os bocados do tanque da roupa agarrados ainda aos ferros que lhe davam forma.
Aí, a coisa pôs-se feia, dado que bem lá no fundo da azinhaga se encontrava um carro que, como todos os outros a que já me referi, estava ali no esfreganço. Para evitar discussão acesa, resolvi pirar-me deixando lá o desgraçado que em marcha-atrás só viu o entulho quando lhe encostou. Faço ideia das pragas que o moço rogou ao filho da mãe que o entalou, enquanto retirava o entulho até ter espaço disponível para sair dali com o carro. E imagino, agora já passados anos, como contará a história aos amigos.
Mas acontece que o Zé do Cão ainda não estava totalmente livre do resto do entulho.
Um mês antes, tinha ido com a família a Tenerife; levámos uma mala de viagem de veludo castanho, por sinal muito bonita, só que os bagageiros não se compadeceram da sua boniteza e trataram de colocá-la no porão do avião, por debaixo de mais 300 malas dos outros passageiros, ocasionando que quando a vi, coitada, estava marreca, tinha falta de ar e com a língua de fora. Enfim estava num estado lastimoso e a língua era uma gravata que já saía das suas entranhas. Logo ali, em pleno Aeroporto “Reina Sofia”, resolvemos comprar outra para sua substituição, coisa que não fizemos, pelo que a desgraçada teve de fazer a viagem de retorno sujeita a dar-lhe a trombose final.
Ela, coitada, ali estava na garagem à espera do abandono que lhe daríamos, dando ais à sua vida e sem saber onde iria parar.
Então resolvi enfiar-lhe todo o resto daquelas matérias que foram primas e, para a fechar, já me vi aflito. Quando a pus em pé, quis mete-la na carrinha, mas não fui capaz.
O seu peso ultrapassava largamente as minhas forças. Chamei o meu sogro que não sabia nada daquilo e pedi-lhe que a metesse na carrinha. Coitado, quase que foi ao chão e ela nem se mexeu.
Para a subir, foi necessário eu, meu sogro e meu filho mais velho, para a retirar, olha, era descair e já estava.
Cerca das 22 da noite, meti-me na viatura com o meu sogro ao lado, inquieto e desejoso de saber qual seria o meu pensamento, que digo de verdade até aquela altura não era nenhum, mas ao passar por uma paragem de autocarro lembrei-me: e se eu a deixasse aqui? Meu dito meu feito, é isso mesmo. Só que em todas as paragens de autocarro sempre havia um passageiro à espera e não era conveniente fazer aquela operação com alguém a mirar.
Acabei por desistir. Dirigi-me a um parque de estacionamento de uma grande superfície. Já havia poucos clientes e o espaço onde estacionam as viaturas já tinha poucos carros. Parei junto a um qualquer, puxei a mala, caiu e ficou em pé junto à porta do condutor, do escolhido, tendo-me colocando em observação afastado, para ver o efeito.
Dali a pouco lá vem um cavalheiro com as chaves do carro na mão e a assobiar, vê a mala ali mesmo à mão, olha para todos os lados, não vê ninguém, abre a bagageira da sua viatura, e pega na mala. Qual quê! O homem tinha lá força para aquilo; faz segunda tentativa com as duas mãos, juntando-a ao peito e quando a metia na bagageira o fecho abriu e aí, amigos, foi coisa linda: o entulho entornou-se parte para dentro, parte para fora e o homem ficou sem pinga de sangue e os sapatos em mísero estado.
Ficou atrapalhado, tendo acabado por colocar a mala também lá dentro, arrancou com tanta força que até os pneus patinaram.
Adorava ouvir a história contada por ele. Quantas pragas também me pregou…
Na realidade, agora, passados vários anos, reconheço que merecia umas arrochadas pelas costas abaixo, não acham?
Cerca das 22 da noite, meti-me na viatura com o meu sogro ao lado, inquieto e desejoso de saber qual seria o meu pensamento, que digo de verdade até aquela altura não era nenhum, mas ao passar por uma paragem de autocarro lembrei-me: e se eu a deixasse aqui? Meu dito meu feito, é isso mesmo. Só que em todas as paragens de autocarro sempre havia um passageiro à espera e não era conveniente fazer aquela operação com alguém a mirar.
Acabei por desistir. Dirigi-me a um parque de estacionamento de uma grande superfície. Já havia poucos clientes e o espaço onde estacionam as viaturas já tinha poucos carros. Parei junto a um qualquer, puxei a mala, caiu e ficou em pé junto à porta do condutor, do escolhido, tendo-me colocando em observação afastado, para ver o efeito.
Dali a pouco lá vem um cavalheiro com as chaves do carro na mão e a assobiar, vê a mala ali mesmo à mão, olha para todos os lados, não vê ninguém, abre a bagageira da sua viatura, e pega na mala. Qual quê! O homem tinha lá força para aquilo; faz segunda tentativa com as duas mãos, juntando-a ao peito e quando a metia na bagageira o fecho abriu e aí, amigos, foi coisa linda: o entulho entornou-se parte para dentro, parte para fora e o homem ficou sem pinga de sangue e os sapatos em mísero estado.
Ficou atrapalhado, tendo acabado por colocar a mala também lá dentro, arrancou com tanta força que até os pneus patinaram.
Adorava ouvir a história contada por ele. Quantas pragas também me pregou…
Na realidade, agora, passados vários anos, reconheço que merecia umas arrochadas pelas costas abaixo, não acham?
14 comentários:
De facto, Zé, não é serviço que se faça!
Mas ficas desculpado se preparares uns mexilhões para a malta...
Apenas confirmo. Garanto que sim e da Galiza.
Ó Zé: Então isso é coisa que se faça? Andar a descarregar entulho na via pública e nos estacionamentos? Eheheh, a coisa até teve a sua (des)graça e olha que se tivesses recorrido aos serviços camarários para o efeito, o mais certo era dizerem que não o faziam. É por isso que o país está cheio de montes de entulho nas bermas da estrada e montes de merda nas Câmaras Municipais (eheheh).
Só foi bem feito para o "caramelo" do estacionamento, que se fosse uma mala valiosa deixada por esquecimento, ele tinha-se afiambrado a ela sem procurar saber de quem era.
Abraços.
É tal como dizes, Zé. Só te digo que sempre que venho espreitar os comentários da malta, desato a rir desta aventura.
O meu sogro, que não é nada dádo a estas coisas, fartou-se também de rir.
Hahahaha adorei estas duas histórias... hoje ainda não me tinha rido, obrigada.
Olá.
Já li, reli e tornei a ler, e sempre fico com as lagrimas nos olhos de rir. Mas se os gajos me apanhassem naquela altura, esfarrapavam-me todo.
Fica bem e volta sempre.
Caro Zé,
Histórias não te faltam, agradeço e retribuo o link finalmente...
Um abraço,
Jean das estrelas
Atão Zé! Ainda não descobriste o caminho para a Rua do Beco? eheheh.
Se carregares com o rato no meu nome, vais ver que chegas lá num instante.
Sabes que às vezes os gajos da blogspot andam a dormir. Ainda ontem tinha o meu blogue todo em inglês (menos aquilo que eu escrevo, como é evidente).
Abraços e bom fim-de-semana.
hahaha eu tb tive o meu em "estrangeiro" ia apagando tudo... só tenho a 4ª classe e não percebia nada...
Boa semana Zé
Histórias bem dispostas essas.Lol!
Amigo Zé: já vi que andas com pouca vontade de escrever. Passei para informar que o meu blogue passou a estar no Sapo e o novo enderesso é http://semassunto1.blogs.sapo.pt
Faz favor de copiar esta merd* para a barra de endereços eheheh.
Porra, agora é que eu vi que tens a minha morada errada. Aquele endereço que tens na barra lateral está errado. Quem é que te pôs aquilo ali? Aquele endereço era dum blogue que já não existe.
Agora o endereço é o que coloquei no comentário anterior ou então segue o link que lá deixei e vai clicando nos que te vão aparecendo, até encontrares a nova Rua do Beco.
Abraço.
arrochadas, zé? isso seria um favor dos Deuses! devias ser obrigado a retirar o entulho todo onde o colocaste e barraste a saida de um condutor ehhhhhh, e o homem teve o que merecia, se a maleta nem era dele pra que foi lá meter o bedelho?--bem feita ehhhh. ji a ti demasiado maluco para os tempos actuais ehhhh...
Laurinha
Eu pretendia era deixar a mala numa paragem de autocarro. Mas não sei porque carga de água é que havia sempre gente lá.
Quando descemos da estação do comboio para Real, há esquerda estavam a fazer todos aqueles prédios e foi aí que entalei o gajo do carro.
ahahahah....
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